Ministro geral dos Franciscanos adverte que imobilismo e instalação ameaçam paralisar dinamismo evangelizador

Carta de preparação para o Natal intitulada «O Verbo de Deus fez-se Carne: Evangelho do Pai chamado a ser restituído»

O ministro geral dos Franciscanos, Fr. José Rodríguez Carballo, reconhece que o “ardor missionário” da sua congregação diminuiu nos últimos anos.

Na carta que prepara o Natal de 2009, o superior sugere que o “imobilismo e a instalação que ameaçam paralisar o dinamismo evangelizador” podem revelar “uma crise de fé” que atinge alguns dos membros da ordem religiosa. “Não nos falta, por acaso, uma autêntica experiência de Deus?”, pergunta o superior.

Para o Fr. José Carballo, a falta de dinamismo no anúncio da mensagem cristã está igualmente relacionada com “o peso de certas estruturas”, que impedem os Franciscanos de sentirem-se “livres no momento de partir para outras terras, ou no momento de iniciar novas presenças evangelizadoras”.

“Não será que estamos demasiadamente centrados sobre nós mesmos e não nos deixamos interpelar pelos fenómenos como a interculturalidade, a reivindicação e a defesa dos direitos humanos, a crise económica, o desastre ambiental, e a pobreza espiritual e material que nos circunda?” – interpela o frade que assegura o governo do instituto religioso a nível mundial.

Centrar-se, concentrar-se, descentrar-se

O ministro geral lembra que as celebrações do oitavo centenário da fundação da Ordem dos Frades Menores foram acompanhadas de um convite “a voltar ao essencial” e, ao mesmo tempo, “a reconhecer, ler e interpretar, à luz do Evangelho, os sinais dos tempos”.

A concretização destes objectivos exige que a comunidade se centre em Cristo: “ter o coração constantemente voltado para o Senhor (…) continua a apresentar-se a nós como a prioridade das prioridades”.

Por outro lado, os religiosos são chamados a concentrar-se nos elementos essenciais da identidade franciscana, “com a finalidade de evitar a fragmentação”.

O Fr. José Carballo determina igualmente que a congregação deve descentrar-se, “para ir ao mundo, nosso claustro”. O superior recorda que o percurso dos Franciscanos tem sido “uma história de inculturação e de encarnação, especialmente entre as pessoas menos afortunadas”.

“A partir da nossa identidade franciscana – refere a missiva – reconhecemos a urgência de deixar-nos seduzir pelos claustros esquecidos e desumanos, onde a beleza e a dignidade da pessoa são continuamente ofuscadas”, bem como “a necessidade de descobrir com maior decisão lugares de fronteira e marginalidade.”

O documento, com data de 8 de Dezembro, assinala que a Ordem dos Frades Menores deve estar no mundo “não como quem tem respostas para tudo”, mas como “mendicante de sentido”, juntamente “com os nossos contemporâneos”.

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Agência ECCLESIA

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