Militares portugueses são missionários da paz

Os 290 militares portugueses do Agrupamento MIKE/ /BrigInt/KFOR que partem em missão para o Kosovo são «missionários da paz». A afirmação foi feita ontem de manhã, pelo Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, numa celebração eucarística que decorreu na basílica do Sameiro, na qual foram benzidas duas imagens marianas – uma de Nossa Senhora do Sameiro, outra da Senhora de Fátima – que vão acompanhar os militares portugueses no Teatro de Operações do Kosovo, durante os seis meses de missão. O Ordinário Castrense disse aos militares, que lotaram a basílica do Sameiro com os seus familiares, que o objectivo desta missão, em território da ex-Juguslávia, deve servir para «evitar conflitos e defender a harmonia colocando-se ao lado dos mais indefesos», em busca do valor mais alto da sociedade que é a paz. O prelado que, por um lado, agradeceu a entrega e a bravura dos militares, pediu, por outro, que cada um deles saiba cumprir integralmente o estatuto militar marcado pela honra, pela justiça, pela camaradagem e pela união. Já a terminar a celebração, antes do rito de bênção das duas imagens que vão com os militares para o Kosovo, D. Januário Torgal Ferreira defendeu que os dois ícones são como que «fotografias que nos lembram a Mãe que está nos Céus». Nesse sentido, exortou os militares a imitar em Nossa Senhora nas suas virtudes e, concretamente, na defesa dos injustiçados. «Como Maria que tudo fez por Jesus, espero que cada um de vós abrace esta missão com força e coragem. Ides para um país que também é pequeno, como uma criança, e que tem uma pequeníssima presença cristã. E Nossa Senhora vai convosco ». E depois entregou aos comandantes as duas imagens que, por sua vez, as passaram aos respectivos batalhões. Kosovo está calmo e tenso O tenente-coronel Jocelino Rodrigues disse ao DM que o batalhão está pronto para enfrentar os desafios que a missão no Kosovo ostenta. «Há um espírito de corpo que se criou e é forte». A partida do primeiro grupo composto por 50 militares acontece quarta-feira, 10 de Setembro; o segundo, que leva mais 200, parte a 24 de Setembro, e o terceiro parte dois dias depois, a 26 de Setembro. «A situação no território da antiga Jugoslávia é calma mas também é tensa», disse o comandante do Agrupamento MIKE/BrigInt/KFOR. «Poderemos ter alguma actividade operacional e, além disso, estaremos sempre prontos a responder a qualquer alerta do comandante do KFOR», disse Jocelino Rodrigues. Este responsável sustenta que o batalhão de 290 elementos é uma força especial com capacidade para actuar em qualquer parte do Kosovo ou, ainda, dentro dos sectores das cinco forças multinacionais. Sobre as imagens marianas que levam, referiu que «como não existia nenhuma decidimos, com o capelão [o padre Artur Gonçalves, pároco de Aveleda e Fradelos], adquirir estas duas que foram benzidas». O tenente-coronel salientou, ainda, o papel do capelão dentro do batalhão que funciona como cimento que robustece a união e o espírito de corpo. Esta comemoração serviu para dar alento aos familiares que, em hora de partida e despedida, não esconderam alguma apreensão e tristeza. É o caso do pai e da tia de Lídia Fernandes, uma das 28 mulheres a partir para o Kosovo. «Sempre apoiei a escolha dela e continuo a apoiar, mas não deixo de sentir alguma tristeza e receio», afirma o pai da militar. Contudo, a honra e o orgulho de se poder ver um filho ou um familiar defender e servir a pátria conseguem superar esses sentimentos menos bons, confirmou outro familiar presente.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top