Milhões de pessoas arriscam-se a morrer de fome no Níger

Papa enviou ajuda às populações As Nações Unidas avisam que o Níger atravessa uma das mais graves crises de fome dos últimos anos. Os apelos para donativos, feitos em Maio do ano passado, não obtiveram retorno. O governo de Niamey é acusado por várias organizações humanitárias e religiosas de guardar cereais nos silos enquanto as pessoas morrem de fome. No Níger cerca de 150 mil crianças enfrentarão em breve a morte, das quais 2,5 mil morrerão por falta de alimento, revelou ontem Jan Egeland, director do Centro de coordenação humanitária das Nações Unidas (OCHA). O OCHA tem permissão para aceder rapidamente a 50 mil dólares para ajuda, mas apenas a título de empréstimo, ou seja, dinheiro que tem de ser devolvido. As Nações Unidas avisam que isso não é suficiente. É necessário criar um depósito de dinheiro a fundo perdido para situações de emergência como esta. “Precisamos de um fundo de emergência para enfrentar casos menos previsíveis”, explica Jan Engeland. “Estamos a atravessar uma profunda crise humanitária no Níger. Crianças estão a morrer enquanto falamos”, salienta. A crise de fome deve-se sobretudo as infestações de insectos que tem atingido o país e a seca recorrente. Dos países que fazem fronteira com o deserto do Saara, Níger tem sido o mais duramente atingido pela seca. Em Maio deste ano, as Nações Unidas lançaram um apelo para enfrentar a crise, mas as contribuições foram quase nulas. “O mundo só reage se vir crianças a morrer na televisão”, critica Engeland. Nessa altura, o vigário-geral da diocese de Niamey, D.Laurent Lompo, referira à Agência missionária Fides, do Vaticano, que “esta é uma situação desesperada, inimaginável. Um drama que se pode transformar em catástrofe antes que o mundo perceba”. O prelado assegura que as estimativas da ONU pecam por defeito e que “praticamente, correm risco quase todos os habitantes do país, se ninguém intervier imediatamente. “Recebemos ajudas da Caritas Internationalis e de outras organizações de caridade católicas, especialmente da Europa, mas os nossos meios são uma gota no oceano do desespero. Precisamos de um forte apoio e ajuda da comunidade internacional. É preciso agir rapidamente, pois a situação piora a cada dia”, concluía o prelado. Ontem, em declarações à mesma agência, o Arcebispo de Niamey, D. Michel Christian Cartatéguy, agradecia a Bento XVI “que nos enviou, através do Conselho POntifício Cor Unum, uma quantia em dinheiro importante para ajudar as populações atingidas pela seca no Níger”.

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