Migrantes: Cardeal-patriarca defende acolhimento de pessoas e não só de turistas

D. Manuel Clemente inaugurou conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz, pedindo que relatório dos incêndios de Pedrógão ajude a «prevenir da melhor maneira o futuro»

Lisboa, 25 nov 2017 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje na abertura da conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz que Portugal faz bem em acolher turistas mas tem de acolher cada pessoa.

“A ideia de que gostamos tanto e bem, até para a economia, de acolher turistas, mas também temos de nos acolher como pessoas, em cada país e na Europa e no mundo em geral”, afirmou D. Manuel Clemente aos jornalistas durante a conferência  sobre o tema «Muros e Pontes: Europa, Migrações e Diálogo de Culturas».

O presidente da Conferência Nacional Justiça e Paz lembrou que os que visitam o nosso país como turistas “não são os que nos procuram como migrantes”.

“São pessoas. Tudo o que nos abra a horizontes mais vastos e ao contacto com outros povos e culturas acabam por ter um efeito positivo também, espero, no que se refere ao acolhimento dos emigrantes”, sublinhou.

Para o cardeal-patriarca a globalização do mundo incide em tudo: “quer dizer que tudo é tratado e perspectivado a nível mundial mas também nos nossos próprios territórios. Muitos circulam por turismo e muitos por necessidade, muitíssimos, por necessidade”.

D. Manuel Clemente adverte para a importância de “tirar conclusões concretas, coerentes, verdadeiras” do entendimento de globalização que se faz, e que essa análise é “muito oportuna, insistente e necessária”.

«Muros e pontes» é o tema proposto pela CNJP para a reflexão deste ano que decorrer no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, durante o dia de hoje.

Recentemente o Papa Francisco participou em Roma, num encontro organizado pela Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), onde D. Manuel Clemente participou, tendo lembrado na ocasião ser possível construir a Europa como quem constrói um edifício com vários tijolos, entre eles a partilha, a inclusão, o diálogo e o acolhimento.

“Nos problemas que temos a primeira reação pode ser fecharmo-nos e isso é fazer muros. Ou então, podemos olhar para os problemas dos outros e fazer pontes, porque basicamente não somos assim tão diferentes enquanto humanidade”, afirmou D. Manuel Clemente.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, referiu-se ainda, à margem do encontro da CNJP, à publicação parcelar do relatório sobre o incêndio de Pedrogão Grande, pedindo que se previna melhor o futuro e de “maneira mais garantida”.

“O que é bom é que se tirem as melhores conclusões do ocorrido para prevenir da melhor maneira o futuro. Isso é que é bom”.

A Comissão Nacional de Protecção Dados não autorizou a publicação integral do relatório da Comissão independente liderada por Domingos Xavier Viegas, tendo sido divulgado esta sexta-feira, alguns pontos do capítulo 6.

PR/LS

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Agência ECCLESIA

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