Migrantes, apoio aos excluidos e os movimentos como oportunidades de missão

O segundo dia do Congresso Mundo Nacional foi pautado pelos testemunhos da missão na Igreja em Portugal. As realidade da mobilidade humana, a exclusão social e a transmissão da fé, através do exemplo de um movimento laical, foram áreas abordadas no final da manhã, em Fátima. O Pe Rui Pedro, antigo responsável pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, actualmente em Roma, trabalhou, como missionário saclabriniano, nas comunidades em França, no Luxemburgo e em Portugal, especialmente em Setúbal. A sua intervenção no congresso começou com um agradecimento a todos os missionários que na ultima década se empenharam nas missões. “Na última década a migração deixou de ser colonial, e passou a ser económica, dada a chegada de ucranianos a Portugal”, frisou o sacerdote. Aproveitar o capital missionário O Pe. Rui Pedro lamentou que os jovens que passam um tempo fora em missão não encontrem espaço nas paróquias e comunidades para por a render o capital adquirido em missão. “Podem não surtir o feito vocacional que desejaríamos, mas estão ai os jovens a dar cartas a todos nós”. Actualmente a residir em Roma, o missionário scalabriniano aponta que a Itália está na “frente das questões migratórias com barcos todos os dias chegam à costa do país. Todos os dias há corpos a boiar no mar, todos os dias há pescadores que lançam as redes para os imigrantes se agarrarem e se salvarem”. Os imigrantes em Portugal, recordou o missionário, “não querem ser espectadores, nem apenas ser convidados para dançar no ofertório. Eles querem falar e participar e é preciso ajudá-los a organizarem-se”. A Igreja ortodoxa, por exemplo, “está muito interessada” em expandir-se para a Europa Ocidental, “chegando mesmo a ordenar bispos à pressa para que possam actuar em novos palcos”. Há bairros de Lisboa onde a Igreja católica “não está já em maioria”. O Pe. Rui Pedro pediu que para além da reflexão “que temos muita”, é necessário investir na “ousadia de fazer coisas novas. A animação missionária vive as mesmas dificuldades de outras áreas pastorais”. A animação missionária é boa, mas não converte, não leva à militância, não conduz à vocação. “Fica-se no adro do encontro com Jesus”. A Festa dos Povos é recordada pelo Pe. Rui Pedro, como um modelo importado, mas onde se celebra a diversidade das comunidades humanas. A mobilidade humana, frisou, “é apóstolo de uma visão positiva da realidade do outro”. Congregações missionárias, peritas em África e no Brasil, “têm pouco empenhado nas comunidades imigrantes cá”. Assiste-se à chegada de sacerdotes “estrangeiros” integrados nas estruturas paroquiais, “sem que haja aproveitamento necessário da afinidade linguística, cultural e ritual para acompanhar os imigrantes”, afirmou o missionário scalabriniano. “As migrações são um caminho de esperança para a missão da Igreja, indicou o antigo responsável pela OCPM. A mobilidade humana é repleta de desafios para as comunidades portuguesas. “Os católicos em Portugal, graças às migrações sabem que existem outros ritos, que outras religiões também evangelizam, que há padres casados, e sabem ainda que a missão não se faz sem parecerias”. Integração social O Pe. Mário Faria Silva, espiritano responsável pelo CEPAC, em Lisboa, uma obra dos missionários que trabalha na integração social dos imigrantes. O CEPAC apresenta valências sociais, na área de psicologia, apoio médico, apoio nos medicamentos, enfermagem, jurídico, distribuição de roupa e de alimentos e mantêm ainda uma equipa de rua com dois religiosos de seis voluntários. A realidade social foi mudando. “Se no início apoiávamos muitos estudantes, agora menos”, explica o sacerdote espiritano. Apoiar doentes deslocados, especialmente dos PALOP e os imigrantes irregulares são a população alvo da IPSS. O CEPAC quer ainda formar e sensibilizar a opinião publica sobre os problemas da imigração. Em Junho, o CEPAC prestava ajuda a 327 famílias. O Pe. Mário Faria reitera que não fazem assistencialismo, mas sim “assistência temporária”. Missão em comunidade Benjamim Ferreira e Maria do Céu Costa do Movimento Focolares, estiveram no Congresso para partilhar o testemunho que, em comunidade, se realiza através da transmissão de fé. Qualquer pessoa presente podia dar testemunho do seu momento “em que sentiu que era chamado”. Benjamim Ferreira aponta que esse encontro é intensificado pela comunidade cristã. Benjamim Ferreira explica que também pessoalmente descobriu as possibilidades da missão. Se antes encarava a missão com “destino além fronteiras, percebo que as possibilidades são imensas a nível nacional”, sublinhou. O Pe. Mário Faria Silva sublinha que o voluntariado exige profissionalismo. O sacerdote indica o portal www.bolsadovoluntariado.pt, onde as pessoas se podem disponibilizar, encontrar locais para fazer voluntariado e demais informações que pode responder aos desejos de muitos. Questionado sobre o anúncio, D. António Couto afirmou não ser “fã da nova evangelização”. O Bispo auxiliar de Braga explica que “o anúncio ou é sempre primeiro ou se é noticia requentada, não é noticia”. No nossos mundo “a noticia e o anuncio tem de ser sempre primeiro. Essa é que é a missão Ad Gentes. Temos de levar Cristo como se fosse a primeira vez”. O Pe. Durães Barbosa, no debate, afirma que no dia de amanhã, terá lugar uma partilha das experiências missionárias nas Igrejas locais. “Vamos ver o que as diocese fazem”, afirmou em jeito de provocação. No entanto, deu conta que todas as diocese estão presentes no Congresso.

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