Migrações: «Temos a obrigação de apoiar, defender e não encerrar fronteiras ou fazer manifestações» – Bispo do Algarve

D. Manuel Quintas pediu «trabalho igual, salário igual» em Portugal

Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Faro, 02 out 2024 (Ecclesia) – O bispo do Algarve destacou a “enriquecedora diversidade e pluralidade de línguas, culturas e tantas tradições” dos migrantes e destacou a importância para Portugal, no 24º Encontro dos Povos Migrantes realizado este domingo, 29 de setembro, em Loulé.

“Temos de agradecer porque não conseguimos viver sem vós, não conseguimos organizar-nos em diferentes serviços. Por isso, temos a obrigação de vos apoiar, defender e não encerrar, sem mais, fronteiras ou fazer manifestações”, disse D. Manuel Quintas, na Missa deste encontro, citado pelo jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.

O bispo do Algarve destacou a “riqueza” da diferença entre todos os migrantes pelas suas proveniências e por constituírem “povos e nações diferentes”, a “diversidade e pluralidade de línguas, culturas e tantas tradições”, que são meios e “caminhos de união, comunhão e enriquecimento mútuo”.

“É isso que celebramos também nesta festa dos povos; sempre que nos reunimos em Eucaristia devemos crescer em unidade, comunhão e fraternidade”, realçou.

O 24.º Encontro dos Povos Migrantes no Algarve, promovido por representantes das comunidades de imigrantes dos concelhos de Faro e Loulé, em parceria com o Município de Loulé, começou com a Eucaristia, da responsabilidade do Secretariado da Mobilidade Humana da Diocese do Algarve, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como «Mãe Soberana».

Participaram nesta celebração, portugueses e migrantes de países de quatro continentes: África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Canadá, China, Cuba, Escócia, Estados Unidos da América, França, Guiné-Bissau, Inglaterra, Itália, Moçambique, Nigéria, Roménia, São Tomé e Príncipe, Suíça, Timor-Leste, Ucrânia e Venezuela.

O bispo do Algarve, que presidiu à Missa, assinalou que os imigrantes, quando chegam a um país diferente, com uma cultura e uma língua diferente”, “a única coisa que pretendem é serem acolhidos com todo o respeito e toda a dignidade” e lamentou “injustiças que são cometidas contra os imigrantes”.

D. Manuel Quintas destacou a importância de “promover, integrar e dignificar o outro” e que “o trabalho não os escravize, mas dignifique”, lembrando que 40% dos trabalhadores agrícolas em Portugal são estrangeiros, mas ganham “menos 40%”, e 60% provêm de comunidades asiáticas.

“Para trabalho igual, salário igual; O que seria do nosso país e do nosso Algarve na agricultura sem este contributo? E sem o contributo, por exemplo, da comunidade brasileira na restauração e na hotelaria? Alguns dizem que a economia portuguesa não se aguentaria, seria uma devastação.”

O Encontro dos Povos Migrantes no Algarve realiza-se pelo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado da Igreja Católica, este ano, a 110.ª edição, celebrado no dia 29 de setembro, com o tema “Deus caminha com o seu povo”.

O bispo diocesano pediu aos participantes do 24.º Encontro dos Povos Migrantes no Algarve para serem “uma força renovada, construtores da paz”, na Eucaristia concelebrada pelos padres Oleg Trushko, ucraniano, e Paulinus Anyabuoke, nigeriano, informa o jornal ‘Folha do Domingo’, destacando a presença do embaixador da Guiné-Bissau, representações dos consulados de Angola, Brasil e Guiné-Bissau, associações e os presidentes da Câmara de Loulé e das Juntas de Freguesias de Boliqueime e Loulé.

CB

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Agência ECCLESIA

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