Reunião de Fátima tem no horizonte a preparação do acolhimento português a cerca de 1500 refugiados sírios
Lisboa, 10 ago 2015 (Ecclesia) – A Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana e a Obra Católica Portuguesa das Migrações vão promover, hoje e amanhã, uma jornada de reflexão em Fátima com os secretariados diocesanos empenhados no setor.
Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações explica a reunião com uma época em que “a Igreja Católica está a ser fortemente interpelada quer pela questão do êxodo que está a acontecer em Portugal quer por aquilo que está a acontecer na União Europeia com os refugiados que chegam à costa do Mediterrâneo”.
“Eles estão a bater à nossa porta e qual é que vai ser a nossa postura, a nossa atitude? Esta é a grande inquietação, as vozes são divergentes mas a Igreja tem uma orientação humanitária, evangélica, de acolhimento”, frisa Eugénia Quaresma.
Portugal deverá acolher dentro em breve 1500 refugidos sírios que chegam ao país em fuga por causa da guerra e da instabilidade política, social e religiosa que atinge a sua pátria.
Para a responsável da OCPM, a Igreja Católica tem dado mostras do seu valor, em termos de “assistência humanitária mas tem de dar um passo mais, ao nível do acolhimento e também da integração” dessas pessoas.
“É preciso ver nestes nossos irmãos que chegam, para além do abrigo que nós lhes podemos dar, pessoas que também podem também contribuir de uma forma positiva para nós alargarmos a nossa conceção de família humana, porque é essa a nossa conceção”, salienta Eugénia Quaresma.
A reunião com os secretariados diocesanos está inserida no programa da Peregrinação do Migrante e Refugiado a Fátima, que decorre nos dias 12 e 13 de agosto.
Para Eugénia Quaresma, esta será uma boa forma de auscultar o sentir e o pulsar das comunidades católicas relativamente a estes temas e também lançar algumas pistas de trabalho”.
No que diz respeito às paróquias e dioceses, importa “trabalhar e desconstruir preconceitos, estereótipos, medos que possam haver” no sentido de promover um acolhimento condigno a quem vem de fora.
Algumas comunidades já estarão preparadas, outras não. Queremos conhecer, porque as dioceses são diferentes, têm realidades diferentes e conhecer as potencialidades de cada um, os constrangimentos concretos que atravessam, para podermos trabalhar”, refere a diretora da OCPM.
Os trabalhos com os secretariados vão contar com a participação de responsáveis pela pastoral das migrações de outros países, que partilharão as suas experiências.
A ideia é também apostar na criação de estruturas de acolhimento aos refugiados, apostando na formação de recursos humanos e num maior envolvimento por parte dos sacerdotes, leigos, religiosas e religiosos.
JCP