José Eduardo Borges de Pinho afirmou no XV Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações que as mudanças em curso são «de amplitude maior» do que se julga
Palmela, Setúbal, 17 jan 2015 (Ecclesia) – O teólogo José Eduardo Borges de Pinho afirmou este sábado que a Igreja Católica tem de “repensar” os modos de pertença eclesial e as novas configurações da vivência da fé nas comunidades de origem e de destino da emigração.
“Temos de ter uma consciência muito mais apurada de que a Igreja vive a necessidade de repensar os seus modos de presença, tomar nota das configurações novas da vivência da fé que estão a acontecer e são de uma amplitude maior do que às vezes estamos habituados ou preparados para admitir”, referiu o teólogo da Universidade Católica Portuguesa em declarações à Agência ECCLESIA.
Para Borges de Pinho, “tomar consciência de alguns pressupostos da vida cristã e eclesial” capacita para uma melhor resposta às “questões concretas” que se colocam no contexto migratório.
“Necessidade de nos colocarmos numa atitude de discernimento, de aprendizagem de novos caminhos e de criatividade”, defendeu José Eduardo Borges de Pinho no contexto do XV Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, onde apresentou “perspetivas para a Pastoral das Migrações”.
Promover um “acolhimento ativo”, através de “visão positiva da emigração e de criação de estruturas e grupos que se colocam ao serviço das migrações” foi uma proposta adiantada para o setor da pastoral da Igreja no contexto da mobilidade humana.
José Eduardo Borges de Pinho sustentou “o reforço e o desenvolvimento de uma sensibilidade profética” para transmitir as interpelações do Evangelho.
“O mundo que tem vindo a nascer exige muito do nosso sentido de catolicidade: abertura ao diálogo e à solidariedade com os outros e perceção de valores que a Doutrina Social da Igreja insiste, como a partilha de bens, a consciência de que o mundo é de todos e não só o lugar onde nasci e a abertura fundamental no sentido da comunhão entre as Igrejas, buscando respostas novas e criativas que o futuro nos vai exigir”, avançou.
Para José Eduardo Borges de Pinho, é fundamental uma “atitude de abertura de espírito”, hoje preocupante porque os tempos atuais podem “favorecer atitudes de fechamento”, de voltar para “identidades que pretendem autodefender-se”, quando é necessário “ajudar a construir um conjunto de relações entre pessoas e comunidades”.
O teólogo considera que o repensar a Pastoral das Migrações deve motivar à “mudança de consciência em termos humanos e crentes no sentido de favorecer aquilo que é o decisivo da missão da Igreja: colocar-se ao serviço das pessoas no anúncio do Evangelho na certeza de que esse anúncio é humanizador”.
“Tudo o que for serviço à humanização da emigração é verdadeiramente um serviço evangélico”, defendeu José Eduardo Borges de Pinho.
O XV Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações decorre até este domingo, na Diocese de Setúbal, sobre o tema “Migrações e Família”.
PR