Ana Silva realça que a «Igreja tem de ser um espaço de diálogo» e qualquer cristão tem a missão «de acolher, de integrar, de ouvir, de aceitar»

Angra do Heroísmo, 08 out 2025 (Ecclesia) – A responsável pela Comissão da Pastoral dos Migrantes de Angra afirma que as pessoas “querem vir para Portugal para trabalhar, viver dignamente, para contribuir”, a Igreja tem de ser “um espaço de diálogo”, e muitos têm a vida “suspensa” devido à Lei dos Estrangeiros.
“É importante que as pessoas tenham consciência de que um migrante não quer vir para Portugal para viver de apoios sociais, ou seja, as pessoas querem vir para Portugal para trabalhar, para viver dignamente, para contribuir para o Estado. Não é um subsídio de 240 euros, provenientes do Rendimento Social de Inserção, que atrai uma pessoa a mudar de país”, disse Ana Silva, citada pelo portal online ‘Igreja Açores’.
A responsável pela Comissão Diocesana das Migrações de Angra acrescenta que “é importante” esclarecer, porque só dessa forma é que vão conseguir “ver as pessoas migrantes como uma parte integrante da sociedade”, e explica que os “extremismos, os nacionalismos” que atravessam “todos os países” da Europa à América, “acalmam quando dão conta de que precisam de mão-de-obra”.
“O contributo que os migrantes têm para a Segurança Social portuguesa é preponderante para a nossa sobrevivência. Em cada 100 pessoas estrangeiras, 87 contam para a Segurança Social, e quando fazemos a conversão para pessoas nacionais, para portugueses, em cada 100 apenas 48 o fazem”, assinalou.
Segundo Ana Silva, é um contributo efetivo “em termos económicos, em termos sociais, em termos culturais, religiosos”, de que não se podem “abdicar de forma alguma”, por isso, o caminho é acabar com os mitos e esclarecer a população “sem gritaria e aproveitamento político”, com sentido de “acolhimento e proximidade”.
A responsável pela Pastoral dos Migrantes da Igreja Católica no Arquipélago dos Açores lamentou que, em Portugal, “a vida das pessoas migrantes está suspensa por questões políticas”, no contexto da nova Lei dos Estrangeiros em Portugal, porque não sabem o que é que vai acontecer, o não saber faz com que, a própria saúde mental, esteja numa total instabilidade”.
“Nós não podemos usar a vida das pessoas desta forma e em troca de votos, porque não é uma troca justa, é desigual, além do mais coloca as pessoas numa situação de grande vulnerabilidade e fragilidade, porque quem do outro lado não tem a informação correta, vai deturpar, e vai pôr o migrante sempre numa posição de inferioridade face à sociedade, ou às pessoas que são naturais do nosso país.”
A Igreja Católica assinalou o seu Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2025, este domingo, 5 de outubro, no âmbito do Ano Santo 2025 da esperança, e, para Ana Silva, “a Igreja tem de ser um espaço de diálogo”, as pessoas que frequentam a Igreja ou que participam em atividades ligadas à religião têm também “um voto importante nesta matéria em termos do acolhimento”.
“Quanto mais pessoas estiverem sensibilizadas, quanto mais pessoas estiverem abertas a esta diversidade, a estes movimentos que estão a acontecer, serão mais pessoas aqui de alguma forma a difundir a importância de acolher. Acolher é um passo, mas a seguir nós temos que integrar. Qualquer cristão tem esta missão de acolher, de integrar, de ouvir, de aceitar.”
A responsável pela Comissão da Pastoral dos Migrantes de Angra referiu ainda que nos Açores “não há histórico de nenhum problema causado pela diferença religiosa”, e explica que assistem a uma “predisposição” das pessoas que vão para o arquipélago português em “respeitar as práticas culturais e religiosas, sem deixar de praticar os seus hábitos”, lê-se no portal online ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.
CB/OC