D. António Vitalino realça a necessidade de «acabar com o improviso» nesta área
Fátima, Santarém, 13 ago 2015 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal vai apostar mais no trabalho em rede e na formação específica daqueles que atuam no setor do acolhimento aos migrantes e refugiados.
O projeto esteve em debate na última reunião da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana com a Obra Católica Portuguesa das Migrações e os diversos secretariados diocesanos.
Segundo D. António Vitalino, bispo de Beja e membro da referida comissão, a ideia é “acabar com o improviso” e a tendência para “olhar para as necessidades imediatas” e promover um trabalho mais “programado”, de modo a conseguir lidar com os desafios que Portugal terá pela frente.
Além de serem muitos os que continuam a sair do país, em busca de um futuro melhor, a Igreja Católica quer preparar pessoas e meios para melhor receber os migrantes e refugiados que continuam a chegar.
Dentro em breve, Portugal vai acolher cerca de 1500 refugiados provenientes de vários países, grande parte deles radicados atualmente na Síria.
Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, realça que estão em causa “pessoas com problemáticas muito específicas”, que por isso precisam de técnicos especializados que saibam responder às suas necessidades.
“Além das estruturas físicas, é preciso o acolhimento humano, as pessoas têm de estar sensibilizadas e preparadas para de alguma forma acolher, receber, conversar, ir ao encontro destas pessoas que precisam de nós”, frisa aquela responsável.
Durante a reunião, que teve lugar em Fátima, as partes envolvidas tiveram a possibilidade de contactar com um programa online que a Igreja Católica espanhola tem vindo a implementar, no sentido de colocar as suas estruturas diocesanas a “trabalhar em rede”.
Destaque para a presença no encontro do padre José Luís Pinilla, diretor do secretariado da Obra da Mobilidade Humana no país vizinho.
Para o padre José Granja, diretor do departamento das Migrações e da Mobilidade Humana da Arquidiocese de Braga, tratou-se de um contributo muito importante vindo de uma nação “com 70 milhões de pessoas e mais de 6 milhões de emigrantes”.
“Neste momento estamos com um fluxo muito grande de emigrantes e isto põe desafios muito grandes à Igreja, como continuar a assistir, a dar apoio, a acompanhar quantos neste momento ainda saem do país. Depois temos outro problema, o acolhimento dos refugiados que o país vai receber, que não é mais do que uma obrigação moral, seja de que país e religião for são nossos irmãos”, complementou.
Segundo o sacerdote, a Arquidiocese de Braga está neste momento empenhada na criação de um “conselho arquidiocesano de pastoral da mobilidade humana que meta um delegado de cada arciprestado, para que eles possam levar esta preocupação a todas as paróquias”.
Outros dos responsáveis diocesanos pelas Migrações que marcou presença na reunião, o padre Abílio Araújo, de Aveiro, mostrou abertura para o acolhimento “a alguns refugiados”, através de um esforço conjunto com outras instituições locais, como a Cáritas e a Segurança Social.
CB/JCP