André Costa Jorge defende que Governo deve ter pressa na integração, em vez do «afastamento»

Lisboa, 18 set 2025 (Ecclesia) – O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal (JRS), André Costa Jorge, disse hoje que o país viver uma narrativa de “hostilidade” face aos migrantes, pedindo mais aposta na integração e menos “pressa” no afastamento.
“Não devemos ter pressa no afastamento; devemos ter pressa, sim, nas políticas de integração”, referiu, em entrevista à Agência ECCLESIA e Renascença, que vai ser emitida este domingo.
O responsável reagia à posição do ministro da Presidência, António Leitão Amaro sobre prazos para a expulsão de imigrantes, que considerou “demasiado longos”.
O entrevistado identifica uma “narrativa política vigente”, na Europa e em Portugal que “visa criar um clima de hostilidade e de desconfiança em relação aos migrantes”.
André Costa Jorge, pede, por outro lado que o Governo respeite o Tribunal Constitucional sobre a questão do reagrupamento familiar, considerando-o “uma solução para a estabilidade e integração das pessoas migrantes”.
Para o diretor-geral do JRS em Portugal, é difícil justificar a decisão do Executivo de manter um prazo de dois anos, porque “o reagrupamento familiar não é uma ameaça, é uma solução”.
“É muito pior termos migrantes sozinhos, isolados, afastados das suas famílias, em sofrimento, em sofrimento cá e em sofrimento lá, do que ter as pessoas estabilizadas e agrupadas aqui”, sustenta.
O responsável aponta a uma “necessidade política de dizer que ‘estamos a ser exigentes’ e que ‘estamos a querer mostrar algum músculo’ para com a imigração”.
“Parece-me que devemos acatar aquilo que o Tribunal Constitucional entende sobre a matéria. E, portanto, devemos voltar ao regime anterior, isto é, aquele em que o titular de uma autorização de residência pode pedir o reagrupamento com o seu cônjuge, cumprindo os requisitos legais”, reforça.
André Costa Jorge diz que a perspetiva do Serviço Jesuíta aos Refugiados “é que o limite temporal deve apenas medir a estabilidade e a integração e não bloquear o acesso ao reagrupamento familiar”.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (ECCLESIA)