Migrações: «Não podemos tolerar» ataques racistas, afirma bispo do Porto

D. Manuel Linda foi homenageado este domingo como Embaixador da Paz, da Boa Vontade e da Tolerância e lembra a «tradição respeitadora e acolhedora da diferença» da região, considerando «estranho» os ataques racistas da última semana

Foto: Diocese do Porto

Porto, 06 mai 2024 (Ecclesia) – O bispo do Porto afirmou que não se podem tolerar ataques racistas contra imigrantes, lembra a “tradição respeitadora e acolhedora da diferença” da cidade e considera “estranho” as agressões da última semana, que rejeita com “toda a veemência”.

“Lamento profundamente e rejeito com toda a veemência cenas de violência que não têm cabimento em lado nenhum, muito menos nesta cidade que é de tradição respeitadora e acolhedora da diferença”, afirmou D. Manuel Linda em declarações à Agência ECCLESIA.

O bispo do Porto refere que as informações que tem sobre os ataques a imigrantes são as divulgadas pela comunicação social, uma situação que considera “horrível”, desejando que se trate de “um caso isolado e uma tentativa de desestabilização social”.

“Não podemos tolerar”, afirmou D. Manuel Linda a respeito dos ataques ocorridos na madrugada da última sexta-feira, que aconteceram em locais onde residiam imigrantes no Campo 24 de Agosto, na Rua do Bonfim e na Rua Fernandes Tomás, na cidade do Porto, provocando ferimentos em cinco deles, que foram encaminhados para o hospital.

“Estranho muito que isto aconteça no Porto, que historicamente é uma pátria da liberdade e expressão do respeito máximo por sensibilidades, cores de pele e religiões completamente distintas”, sublinhou.

Questionado sobre o crescimento de assaltos na Baixa do Porto, D. Manuel Linda considerou que a afluência de turistas faz crescer a onda de carteiristas, como noutras localidades e ocasiões, rejeitando a ligação com os ataques racistas: “duas realidades completamente distintas”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

D. Manuel Linda apelou aos habitantes do Porto para nunca favorecer qualquer tipo de violência contra os migrantes, “nem por mensagem que se enviam por redes sociais”, e lembrou que afirmações culpam os imigrantes pela falta de trabalho ou pela insegurança “é tudo uma mentira”.

“Estar a repetir isso ou dar crédito é colaborar direta ou indiretamente com a instabilidade e com a xenofobia em relação a esses migrantes”, afirmou.

Este domingo, D. Manuel Linda foi homenageado pelo Observatório Internacional de Direitos Humanos como “Embaixador da Paz, da Boa Vontade e da Tolerância”, uma distinção que atribui à “Igreja do Porto”.

“Um reconhecimento de algo que não sou eu que faço, mas é a Igreja do Porto, que procura estar com atenção aos direitos das pessoas e fundamentalmente na boa relação com outras religiões e com outras minorias”, afirmou.

D. Manuel Linda lembrou a histórica relação da Diocese do Porto não só com outras dimensões cristãs, assim como “a melhor relação com o mundo judaico e muçulmano” e tambémo “acolhimento de muitas outras pessoas que podem até não ter religiões ou são indiferentes ao fenómeno religioso”.

O bispo do Porto lembrou o acolhimento de ucranianos nas instalações da diocese, no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde, agora disponibilizadas também para o “acolhimento de outros povos e outras pessoas refugiadas”

“Temos uma história de bom acolhimento. Ao darem esta distinção ao bispo do Porto é à Igreja do Porto que se reconhece a defesa dos Direitos Humanos”, concluiu.

PR

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Agência ECCLESIA

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