Lisboa, 05 dez 2012 (Ecclesia) – O Governo português distinguiu esta terça-feira a Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), no seu 50.º aniversário, elogiando a “forma exemplar” como a Igreja tem apoiado as comunidades lusas no exterior e os imigrantes que vieram para Portugal.
O secretário de Estado-adjunto do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, que procedeu à entrega do diploma de louvor, sublinhou que a instituição da Conferência Episcopal Portuguesa e as pessoas que com ela colaboram são “merecedoras” de tal distinção “por parte do Estado”.
Na cerimónia de homenagem, que decorreu no Palácio Foz, Lisboa, Feliciano Barreiras Duarte reconheceu que “muitos milhares de portugueses que ficaram sem trabalho” têm partido para outras paragens, antes de vincar não ter “qualquer dúvida quanto ao direito inalienável a ficar em Portugal”.
Nascida em 1962, a OCPM ajudou muitos portugueses “que se viram obrigados a abandonar o aconchego do seu lar para se encontrarem com o desconhecido”, salientou D. Jorge Ortiga, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana.
O povo português está marcado por uma identificação “com a aventura de partir ao encontro de novos povos e culturas” e neste contexto, realçou o arcebispo de Braga, essa motivação coincidia, há 50 anos, “com uma ânsia muito generalizada de fugir a condicionalismos sociais muito ingratos”.
Já o diretor da OCPM, frei Francisco Sales Diniz, salientou que “desde sempre” a Igreja Católica teve a preocupação de acompanhar os emigrantes que “se foram espalhando pelas cinco partidas do mundo”.
A fundação da Obra apareceu, assim, como uma resposta à necessidade “de unificar o trabalho e iniciativas” que estavam a ser realizadas e para “potenciar e promover o apoio e acompanhamento dos portugueses da diáspora” através do envio de missionários e de agentes pastorais, acrescentou.
Para frei Francisco Sales Diniz, a homenagem pública do Governo português é “um reconhecimento de gratidão do Estado” ao trabalho de todos quantos dedicaram a sua vida “à causa dos migrantes, sendo portadores e construtores da identidade lusa no mundo e defensores da plena dignidade da pessoa humana”.
D. Jorge Ortiga, por sua vez, frisou que se a Igreja soube responder através “duma orgânica assistencial” – de dimensão religiosa e cultural – “deve aceitar esta efeméride para reequacionar a sua missão”, dado que o mundo sofreu alterações e o fenómeno migratório “não ficou impermeável” a estas transformações,
Se outrora o serviço das comunidades se orientava, prevalentemente, para o culto, hoje o fenómeno cultural “deve ser elemento importante duma antropologia de matriz cristã” e as iniciativas culturais podem congregar e motivar “um enriquecimento mútuo no confronto de ideias e num harmonioso diálogo com todos”, alertou o arcebispo de Braga.
LFS