Migrações: 50 anos de presença da Igreja desafiam à interculturalidade

Responsável do Vaticano presente na abertura dos 50 anos da fundação da Obra Católica, que se assinalam em Fátima

Fátima, Santarém, 21 jan 2012 (Ecclesia) – A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) tem desenvolvido uma atividade “inteligente e apaixonada” ao longo de 50 anos e o seu futuro será marcado pela interculturalidade, considerou hoje o padre Gabriele Bentoglio, do Vaticano.

Intervindo na sessão de abertura das celebrações dos 50 anos da fundação da OCPM, que decorreu em Fátima, o subsecretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes afirmou que a criação desta Obra foi uma exigência do “momento histórico” em que viviam Portugal e a Europa, quando se confrontaram com “tensões políticas e económicas” que provocaram “imponentes fluxos migratórios”.

Segundo o Padre Bentoglio, a OCPM possibilitou “constante primazia e atenção” da Igreja em Portugal aos “mais diversos problemas dos migrantes” que, “em cinquenta anos de inteligente e apaixonada atividade” tem “sublinhado o primado e a centralidade da pessoa”.

O trabalho desta Obra permitiu também a “valorização das minorias na sociedade civil e eclesial, o valor das culturas na obra de evangelização, o contributo das migrações na pacificação universal, a dimensão eclesial e missionária do fenómeno migratório, a importância do diálogo e do debate no seio da sociedade civil, da comunidade eclesial e entre as diversas confissões e religiões”, afirmou.

Primeiro com uma atitude de reserva diante do fenómeno das migrações, o Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-1965) permitiu à Igreja Católica descobrir “as potencialidades, culturais e espirituais do fenómeno migratório segundo a teologia da história”, lembrou o sacerdote italiano.

Em Fátima, Gabriele Bentoglio recordou que Portugal é um país de emigrantes e imigrantes, de onde partem e aonde chegam cidadãos de “diversas culturas e religiões”.

O sacerdote, que pertence à congregação scalabriniana, cuja ação se distingue pelo trabalho junto dos migrantes, referiu que as sociedades nacionais têm de se tornar “cada vez mais” interculturais.

Assim, é urgente cultivar os valores do “diálogo intercultural e inter-religioso” e é necessário criar um “novo conceito de integração”, desenvolvido numa perspetiva “universalista e missionária”. Para o subsecretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, esse desafio deve envolver mais “leigos cristãos no trabalho pastoral da Igreja” e corresponde a “um novo período de trabalho, que a Obra Católica poderá realizar, como relançamento da sua identidade, depois de cinquenta anos de forte e apreciada atividade”.

A sessão de abertura das celebrações dos 50 anos da fundação da Obra Católica Portuguesa de Migrações decorreu no contexto do XII Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações, onde o tema ‘Portugal entre a emigração e a imigração’ está em debate desde esta sexta-feira até domingo.

PR

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