E uma forma de combater a exclusão social Com cinco anos de vida, já “atribuímos cerca de 360 créditos para colocar em prática uma boa ideia” – disse à Agência ECCLESIA Manuel Brandão Alves, presidente da comissão organizadora da conferência nacional -“Microcrédito: uma experiência com futuro”. Ultrapassada a fase do arranque, a Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC), está a promover uma conferência nacional, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, nos dias 5 e 6 de Novembro, onde fará o balanço da sua actividade e tentar “envolver a sociedade civil neste projecto de apoio aos mais carenciados” – sublinhou. O Microcrédito “está na moda” por isso “é um estímulo para nós”. E realça: “mas é um caminho exigente”. Para começar é necessário ter “uma boa ideia”, vontade de sair da situação de “marginalidade social” e fazer “coisas por sua própria conta”. Manuel Brandão Alves refere que estas pessoas necessitam de alguém que “as ajude a atravessar a rua”. No fundo é esta a função da Associação Nacional de Direito ao Crédito. Com estes créditos concedidos, cerca de 1 milhão e meio de EUROS, já foram criados cerca de 430 postos de trabalho. Este número refere-se ao momento da atribuição do empréstimo. “É possível verificar que um grande número destas iniciativas desenvolvem-se muito rapidamente” e ao fim de algum tempo “criam mais postos de trabalho” – analisa o presidente do evento. Com os impostos que pagam transformaram-se “em contribuintes para o Estado”. O Microcrédito “não é um subsídio é um contrato” que permite ao contraente criar um “pequeno negócio”. A ANDC tem um fundo (81600Euros) que serve de garantia para todos os empréstimos concedidos mas o “número de insolvências é pequeno, entre os 15 % e os 20%”. Para o próximo ano – acentua Manuel Brandão Alves – “estamos muito entusiasmados” porque “2005 foi declarado, pelo secretário geral das Nações Unidas, Ano Internacional da Microfinança”. E avança: “propomos duplicar os últimos cinco ano no próximo ano”. Pode parecer “muito aventureiro mas não é” porque não “estávamos em velocidade de cruzeiro”. Forma de combate à exclusão social “O Microcrédito é uma forma de combater a exclusão social” mas deverá ter “uma expressão muito superior àquela que tem hoje” – disse à Agência ECCLESIA Acácio Catarino, um dos associados fundadores da ANDC. E apela ao envolvimento das instituições que trabalham “directamente com as pessoas excluídas”. Por sua vez, Jorge Wemans, presidente da ANDC, sublinha que o Microcrédito existe para ajudar as “pessoas a sair de situações de pobreza” e “alterar as suas condições de vida”. Não é o único instrumento de combate à pobreza mas “é uma forma muito especial de combate à exclusão social”. Nestes cinco anos, cerca de 55% dos micro-empresários são do sexo feminino e cerca de 31% dos contraentes situam-se na faixa etária dos 36 aos 46 anos. Lisboa é a cidade onde foram atribuídos mais créditos, 129, logo seguida pelo Porto com 50. Apesar das boas intenções, Jorge Wemans aponta alguns obstáculos ao crescimento do Microcrédito em Portugal: “cultura – antes ser empregado ordeiro do que empresário manobreiro -; ensino – não estimula criadores de empresas -; apoios – quase nenhuns aos criadores de empresas”. As barreiras existem mas o presidente da ANDC está confiante no futuro: “o Microcrédito é necessário, é importante e tem futuro”. A entidade bancária em Portugal que dá suporte a este modelo de actuação é o Millennium BCP. Jorge Wemans apontou as razões para esta escolha: “contactámos vários bancos e o único que respondeu depressa e que sim foi o BCP”. Democratização efectiva do Microcrédito Dois dias de formação, onde vários oradores reflectirão sobre “Microcrédito uma experiência com futuro”. Na sessão de abertura, o Presidente da República, Jorge Sampaio, disse aos participantes que acreditava “que a Associação e os seus parceiros estarão à altura do desafio e desejo vivamente que o próximo ano seja promissor e gratificante para a democratização efectiva do Microcrédito”. O compromisso que a Associação Nacional de Direito ao Crédito e outras instituições “assumem na Carta de Intenções que vão subscrever é um bom indício da vontade e da disponibilidade para a realização de um ambicioso programa de acção em 2005” – concluiu.