México: Posições contra violência e defesa da liberdade religiosa marcam viagem de Bento XVI

Milhões de pessoas festejaram regresso de um Papa ao país, 10 anos depois

Lisboa, 26 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI conclui hoje a sua primeira visita ao México, maior país católico de língua hispânica, onde deixou vários alertas contra a criminalidade, a violência e o narcotráfico que provocaram dezenas de milhares de mortes.

Quase 10 anos depois da última visita papal, milhões de mexicanos saíram às ruas do país para acolher o Papa alemão, que este domingo recordou os que sofrem “por causa da pobreza, da corrupção, da violência doméstica, do narcotráfico, da crise de valores ou da criminalidade”.

Simbolicamente, Bento XVI cumprimentou em privado, este sábado, oito vítimas e familiares de pessoas atingidas pela criminalidade organizada e a violência no país, como uma mãe cujo filho foi assassinado numa festa, a esposa de um militar morto numa operação ou a mãe de um polícia desaparecido.

No Parque do Bicentenário, entre as cidades de Guanajuato, León e Silao, região central do México, o Papa convidou este domingo os católicos a instaurarem “uma sociedade mais justa e solidária”, recusando a tentação de submeter os outros “pela força ou pela violência”.

Após sobrevoar, de helicóptero, o monumento a Cristo Rei no cimo da colina de Cubilete, a mais de 2500 metros de altitude, Bento XVI disse que este é um “lugar emblemático da fé do povo mexicano”, no qual se revela que a realeza de Jesus “não é como muitos a entenderam e entendem”.

“O seu reino não consiste no poder dos seus exércitos submeterem os outros pela força ou pela violência”, sublinhou, na homilia de uma missa que juntou mais de 600 mil pessoas.

Horas mais tarde, perante bispos mexicanos, da América Latina e das Caraíbas, o Papa denunciava todas as formas de “perseguição” contra os católicos, manifestando preocupações “com as limitações impostas à liberdade da Igreja no cumprimento da sua missão”.

O tema esteve em cima da mesa num encontro privado com o presidente mexicano Felipe Calderón, num momento em que se discute uma reforma constitucional no México.

Bento XVI iniciou a sua viagem, esta sexta-feira, com apelos em favor do “direito fundamental à liberdade religiosa”, pedindo este que seja respeitado “no seu genuíno significado e na sua plena integridade”.

O Senado mexicano debate atualmente a reforma de dois artigos da Constituição relativos a esta matéria, já aprovadas na câmara baixa do Parlamento, que se referem à inclusão do adjetivo ‘laica’ na definição da República (artigo 40), à possibilidade de realização de atos de culto em espaços públicos e ao direito ao ensino religioso nas escolas públicas (artigo 24).

Quanto a um eventual um encontro entre Bento XVI e representantes de vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero ou em instituições da Igreja, o mesmo foi descartado pelo Vaticano, que lamentou a “agressividade” e a “ambiguidade” na forma como a reunião foi pedida pelas vítimas.

A proteção dos menores esteve no centro do discurso que Bento XVI dirigiu este sábado a milhares de crianças reunidas na Praça da Paz, na cidade de Guanajuato: “Quero aqui elevar a minha voz, convidando todos a protegerem e cuidarem das crianças, para que nunca se apague o seu sorriso”.

A Santa Sé estima que mais de 2,5 milhões de pessoas acompanharam o Papa, muitas vezes ao som do grito ‘Benedicto, hermano, ya eres mexicano’ (Bento, irmão, já és mexicano).

OC

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Agência ECCLESIA

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