Segundo maior país católico do mundo recebe nova visita de um Papa, quase 10 anos depois
Lisboa, 22 mar 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica no México espera com entusiasmo a chegada de Bento XVI, que hoje iniciou a 23ª viagem internacional do pontificado e a segunda à América Latina, passando ainda por Cuba, durante seis dias.
O presidente da Conferência Episcopal Mexicana (CEM) e da Conferência dos Episcopados da América Latina (CELAM) revela à Rádio Vaticano que existe uma “emoção muito forte” entre à população, à medida que se aproxima a visita do Papa, a sexta na história do país, quase 10 anos depois da última passagem de João Paulo II.
“Para nós é já uma grande alegria a simples presença do Papa, porque ele traz uma grande mensagem de comunhão”, afirma D. Carlos Aguiar Retes.
Este responsável reconhece que Bento XVI vai encontrar “um país que vive problemas que nunca tinha vivido” e enfrenta “situações particularmente complexas”.
“Esperamos que a presença do Santo Padre infunda um grande entusiasmo e uma grande alegria, não obstante as dificuldades que estamos a viver”, prossegue.
Segundo números do Vaticano, existem no México mais de 99 milhões de católicos (91,89 por cento da população do país), o que corresponde a cerca de 8,2 por cento do total de batizados em todo o mundo (1196 milhões) e coloca a nação em segundo lugar, a nível mundial, apenas atrás do Brasil.
O presidente do CELAM realça que esta não é apenas uma visita ao México e a Cuba, mas será “simbolicamente, através deles, um abraço a todos os países da América Latina e das Caraíbas”.
É a primeira vez que o atual Papa visita países de língua hispânica na América Latina, na sua terceira viagem ao continente americano, depois do Brasil (2007) e EUA (2008), estando previsto um percurso equivalente a meia volta ao mundo.
A cerimónia de boas-vindas ao México vai começar pelas 16h30 (hora local, mais seis em Lisboa) no aeroporto internacional de Guanajuato, do Estado com o mesmo nome, no centro do México, que acolhe um Papa pela primeira vez.
A visita continua no sábado, após mais de 24 horas de descanso, às 18h00, com a visita ao presidente mexicano, Felipe Calderón; pelas 18h45 o Papa dirige uma saudação às crianças reunidas na Praça da Paz, onde vão estar 20 mil jovens voluntários
Segundo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, Bento XVI leva consigo apelos contra a violência e a favor da vida e da família, na América Latina.
“A família, como união entre homem e mulher, o matrimónio como união entre homem segundo o projeto primordial do Criador é um projeto de validade natural e, por isso, universal, tutelado pelas grandes religiões do mundo”, assinalou.
O número dois do Vaticano falou também da “tutela da vida”, o “não matar nem sequer no seio materno”.
“O ‘não matar’ tem, no México, um eco muito doloroso, certamente, porque infelizmente os assassinatos estão na ordem do dia, são factos quotidianos dolorosíssimos”, observa.
Para este responsável, “a primeira missão da Igreja” é “educar as consciências”, algo que não tem um “caráter puramente político, mas pesa sobre a política”, numa alusão ao momento eleitoral que se vive no país, situação que tem gerado algumas críticas quanto ao momento escolhfido pelo Vaticano para esta visita papal.
O cardeal Bertone destaca ainda a evolução positiva das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o México, no 20.º aniversário do seu restabelecimento, e a discussão de uma lei sobre a liberdade religiosa neste país, falando num “direito basilar, fundamental”.
OC