México: Acompanhar a viagem do Papa em Viana após mais de dez anos a trabalhar no país visitado por Francisco

Missão do padre Tiago Barbosa, espiritano, aconteceu entre 2003 e 2014

Viana do Castelo, 17 fev 2016 (Ecclesia) – O padre Tiago Barbosa, da Congregação dos Missionários do Espírito Santo, tem “pena de não estar” no México e “viver” in loco a viagem do Papa que acompanha desde Portugal, destacando os apelos ao “forte compromisso social”.

“Talvez esta dimensão social seja o mais importante de toda a visita do que tenho visto dos seus gestos e dos seus discursos. Penso que esta é uma das grandes lacunas na Igreja no México, o compromisso social às vezes fica muito aquém”, disse hoje à Agência ECCLESIA.

O padre Tiago Barbosa, que acompanha esta visita pastoral a partir da Diocese de Viana do Castelo, sublinha que o Papa Francisco tem pedido que se trabalhe “num compromisso social” porque “ser cristão” é estar comprometido em “mudar a sociedade, com os critérios de Jesus, para ser mais evangélica”.

Uma visita à prisão ‘CeReSo n.3’, “um gesto profético porque as prisões são controladas e manipuladas por gangues”, e uma celebração junto à fronteira com os EUA encerram viagem do Papa.

Para o entrevistado, Francisco vai “continuar a denunciar” o narcotráfico e a corrupção, a “abrir palavras de esperança” fazendo da ‘Alegria do Evangelho’ uma parábola viva, que é o que tem desde Portugal.

Este missionário espiritano, que conhece a realidade mexicana, onde viveu entre 2003 e 2014, “deseja” que existam mudanças, embora reconheça que “é sempre difícil”.

“Tenho esperança que a Igreja vai mudar e ficar mais atenta a este compromisso social. Penso que se entrar nesta dinâmica vai ser muito positiva e trazer um futuro muito bom nas suas propostas pastorais, nas vivência e no crescimento”, desenvolve Tiago Barbosa.

Neste contexto, considera o Papa Francisco “muito próximo, atendo e humano”, fala com gestos que “tocam o coração” e vai provocar mudanças afinal “o roteiro da visita, os seus discursos, gestos convidam” a essa transformação.

Ser missionário no México foi uma opção do padre Tiago Barbosa, que tinha acabado de ser ordenado, e a sua missão começou em Huasteca Potosina, de 2003 a 2010, ao serviço do povo Tenek’.

Por isso, considera que a atenção dada pelo Papa às comunidades indígenas um sinal de “respeito, uma atitude de atenção” a estes “últimos” que são vistos como “visto como pobres, alguém que não é valorizado”.

“Contactar estas comunidades é darmos conta da riqueza de espiritualidade, de comunhão de vida, do valor da gratuidade, algo que se perdeu muito na Igreja no México com certas atitudes de falta de gratuidade. Nestes povos este é um grande valor – pela comunidade, para a comunidade e pela comunidade”, contextualiza.

Segundo o missionário, os povos indígenas também “entenderam” este sinal de Francisco ter almoçado com eles, “estar juntar, ter paciência, acompanhar, atitudes que tocam o coração indígena na sua profundidade.”

Depois, desde 2010 até regressar a Portugal, em 2014, viveu em Tampico, uma cidade petrolífera “com muita riqueza” do Estado de Tamaulipas, no litoral do Golfo do México e afetada pela “rota do tráfico, o sofrimento de muitos sequestros”.

O padre Tiago Barbosa observa ainda que o Papa tem destacado o valor da família, da juventude e pediu coragem à Igreja porque “o futuro pode ser hipotecado se não houver a coragem de mudar os critérios”.

“Os cristãos sentem, às vezes, não haver compromisso forte da Igreja, dos pastores terem palavras fortes e não ficarem com medo de deixarem que os políticos, o narcotráfico, as redes de tráfico humano tenha a palavra mais forte e que cative os jovens”, analisou.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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