Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa!
Jesus ressuscitou dos mortos.
Ressoa na Igreja, por todo o mundo, este anúncio, juntamente com o cântico do Aleluia: Jesus é o Senhor, o Pai ressuscitou-O e Ele está vivo para sempre no meio de nós.
O próprio Jesus preanunciara a sua morte e ressurreição com a imagem do grão de trigo. Dizia: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24). Foi isto mesmo que aconteceu: Jesus, o grão de trigo semeado por Deus nos sulcos da terra, morreu vítima do pecado do mundo, permaneceu dois dias no sepulcro; mas, naquela sua morte, estava contida toda a força do amor de Deus, que se desencadeou e manifestou ao terceiro dia, aquele que celebramos hoje: a Páscoa de Cristo Senhor.
Nós, cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a verdadeira esperança do mundo, a esperança que não dececiona. É a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente renova o mundo. Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão dos nossos tempos.
E nós, hoje, pedimos frutos de paz para o mundo inteiro, a começar pela amada e martirizada Síria, cuja população se encontra exausta por uma guerra sem um fim à vista. Nesta Páscoa, a luz de Cristo Ressuscitado ilumine as consciências de todos os responsáveis políticos e militares, para que se ponha imediatamente termo ao extermínio em curso, respeite o direito humanitário e proveja a facilitar o acesso às ajudas de que têm urgente necessidade estes nossos irmãos e irmãs, assegurando ao mesmo tempo condições adequadas para o regresso de quantos foram desalojados.
Frutos de reconciliação, imploramos para a Terra Santa, ferida, também nestes dias, por conflitos abertos que não poupam os indefesos, para o Iémen e para todo o Médio Oriente, a fim de que o diálogo e o respeito mútuo prevaleçam sobre as divisões e a violência. Possam os nossos irmãos em Cristo, que muitas vezes sofrem abusos e perseguições, ser testemunhas luminosas do Ressuscitado e da vitória do bem sobre o mal.
Frutos de esperança, suplicamos neste dia para todos aqueles que anseiam por uma vida mais digna, especialmente nas regiões do continente africano atormentadas pela fome, por conflitos endémicos e pelo terrorismo. A paz do Ressuscitado cure as feridas no Sudão do Sul e da mortificada República Democrática do Congo: abra os corações ao diálogo e à compreensão mútua. Não esqueçamos as vítimas daquele conflito, sobretudo as crianças! Não falte a solidariedade em prol das inúmeras pessoas forçadas a abandonar as suas terras e privadas do mínimo necessário para viver.
Frutos de diálogo, imploramos para a península coreana, para que os colóquios em curso promovam a harmonia e a pacificação da região. Aqueles que têm responsabilidades diretas ajam com sabedoria e discernimento para promover o bem do povo coreano e construir relações de confiança no âmbito da comunidade internacional.
Frutos de paz, pedimos para a Ucrânia, a fim de que se reforcem os passos a favor da concórdia e sejam facilitadas as iniciativas humanitárias de que necessita a população.
Frutos de consolação, suplicamos para o povo venezuelano, que vive – escreveram os seus Pastores – como que em «terra estrangeira» no seu próprio país. Possa, pela força da Ressurreição do Senhor Jesus, encontrar a via justa, pacífica e humana para sair, o mais rápido possível, da crise política e humanitária que o oprime e, àqueles dentre os seus filhos que são forçados a abandonar a sua pátria, não lhes falte hospedagem nem assistência.
Frutos de vida nova, Cristo Ressuscitado dê às crianças que, por causa das guerras e da fome, crescem sem esperança, privadas de educação e assistência sanitária; e também aos idosos descartados pela cultura egoísta que põe de lado aqueles que não são «produtivos».
Frutos de sabedoria, imploramos para aqueles que, em todo o mundo, têm responsabilidades políticas, a fim de que respeitem sempre a dignidade humana, trabalhem com dedicação ao serviço do bem comum e garantam progresso e segurança aos seus cidadãos.
Queridos irmãos e irmãs!
Também a nós, como às mulheres que acorreram ao sepulcro, é-nos dirigida esta palavra: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). A morte, a solidão e o medo já não são a última palavra. Há uma palavra que vem depois e que só Deus pode pronunciar: é a palavra da Ressurreição (cf. João Paulo II, Palavras no final da Via-Sacra, 18/IV/2003). Com a força do amor de Deus, ela «afugenta os crimes, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes, derruba os poderosos, dissipa os ódios, estabelece a concórdia e a paz» (Precónio Pascal).
Feliz Páscoa para todos!