Mensagem Pascal do bispo de Vila Real

A necessidade do homem novo

1. A Páscoa ocupa na mensagem cristã um lugar central. Da ressurreição de Jesus nasceram o Domingo, o calendário do ano e da semana, os sacramentos, mormente a Eucaristia, a própria luz que alumia a leitura da Bíblia. Pode dizer-se que a fé e a piedade de uma pessoa dependem do lugar que a Páscoa ocupa nos seus esquemas culturais e de ação.

2. O mistério pascal de Cristo prolonga-se em toda a vida do homem sobre a terra: na saúde e na doença, na vida pessoal e familiar, na vida profissional e até na vida política e na morte. Não há setor humano que não precise de ser «pascalizado», aquilo que os textos bíblicos chamam a passagem do mundo velho ao «mundo novo», «homem novo», «aliança nova». A própria crise económica e financeira em que estamos envolvidos, e de que toda a gente fala, só se resolve pela mística pascal de Jesus Cristo: a morte do egoísmo e da vaidade de cidadãos e governantes que invadiu as estruturas sociais para dar lugar ao «homem novo», aquele homem com que sonharam todos os revolucionários utópicos, todos os ideólogos, mas que só Jesus produziu.

3. Para essa morte dos comportamentos negativos e aparecimento do homem novo são indispensáveis muita humildade e coragem, a aceitação da verdade, aquela verdade que Pilatos rejeitou com enfado. Lembro-me de ter ouvido de um político em dia de festa a proclamação pública de que não gostava da parte da Missa em que se pede perdão, mas apreciava os gestos de paz e de alegria. É, infelizmente, uma atitude muito generalizada: a tentativa de encontrar uma Páscoa sem Quaresma, uma ressurreição sem morte, uma fé sem conversão, de que são sinais o afastamento da Confissão e dos Crucifixos.

4. O mistério da Páscoa de Jesus aí está a pedir atualmente «almas novas» no interior das famílias, entre marido e mulher e entre pais e filhos; na escola entre professores e alunos; nas estruturas de trabalho e da administração pública entre dirigentes e funcionários; nas empresas de trabalho, entre os grupos económicos e os sindicatos. Até no interior da Bandeira Nacional os símbolos da Páscoa de Jesus se encontram semeados a pedir alma nova. Na história da salvação, as comunidades degradam-se pelo abandono da verdade e regeneram-se pelo regresso à verdade. O atual mundo laicista colocou de lado a luz e o fermento de Jesus Cristo. É hora de recolocarmos esse sal na vida pessoal, familiar e social.

São esses os meus votos e o convite dirigido a todos.

Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real

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Agência ECCLESIA

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