Da Confederação Portuguesa do Voluntariado
Assinala-se no próximo Sábado, o Dia Internacional do Voluntariado. A Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) quer fazer chegar a sua voz a todas as organizações de voluntários ou que os integram na sua missão, aos poderes públicos e à sociedade portuguesa em geral.
Vivemos num tempo em que são, cada vez mais, assombrosos os avanços tecnológicos e científicos que poderiam proporcionar uma maior qualidade de vida, mas que, paradoxalmente, vai relegando o desenvolvimento dos valores humanos. A actual crise económica e financeira mundial é disso prova irrefutável. As desigualdades na distribuição das riquezas e dos recursos é cada vez mais evidente, produzindo escandalosas carências a nível social, ambiental, cultural, entre outras.
Em boa hora, o Parlamento Europeu decidiu que 2010 será o Ano de Combate à Pobreza e à Exclusão Social. Os voluntários e voluntárias deste país estarão, de certeza, na linha da frente deste combate, como manifestação de que a construção de uma sociedade mais justa e equitativa reclama um novo paradigma social e económico.
O actual modelo gera pobres e excluídos que, no olhar dos(as) voluntários(as) não são vistos apenas como portadores de carências, mas sobretudo de potencialidades, de inviolável dignidade humana e de capacidades a estimular. Pessoas com quem se identificam e que são a única motivação do seu labor gratuito, ao ponto de não se sentirem tranquilos enquanto, a alguém, for sonegado algum dos mais elementares direitos humanos. Por isso, o principal programa de acção de qualquer organização de voluntariado é, antes de tudo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
É nesta irrevogável Declaração que o voluntariado se alicerça e que o faz ser semeador de uma nova cultura que tem na Solidariedade a sua principal matriz. Para os voluntários e voluntárias, a edificação desta nova cultura assenta na gratuitidade. As contrapartidas materiais são contrárias ao espírito e à essência deste exercício de cidadania, preferindo a transformação de atitudes, a multiplicação de gestos de acolhimento, a implementação de leis justas. Em suma, a difusão da justiça e da solidariedade.
Para que se alcance o urgente novo paradigma de maior equidade social é necessário que as organizações de voluntariado canalizem as suas energias para um forte empenho – especialmente as instituições da área social – na criação de grupos de voluntários(as) de proximidade, que se comprometam no conhecimento dos problemas, na procura das soluções e na mediação junto de outras entidades, em ordem à promoção dos direitos dos cidadãos e cidadãs.
Queremos, neste sentido, deixar um veemente apelo a todas as associações, de forma particular às que integram a Confederação Portuguesa do Voluntariado, no sentido de unirmos esforços para se conseguir uma melhor articulação das nossas acções. Só apostando numa forma de agir que, a todos os níveis, não prime pelo individualismo e competitividade, mas se deixe conduzir pelo ideal de que outro mundo é possível, mobilizando-se sempre que necessário, para a cooperação com todos e todas os que querem apostar e arriscar tudo por um mundo melhor.
Pela Confederação Portuguesa do Voluntariado
O PresidenteEugénio José da Cruz Fonseca