Mensagem do Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios para a Semana do Consagrado 2012

A Vida Consagrada no coração da evangelização – 50 anos depois do começo do Concílio Vaticano II

 

1. Vida consagrada, riqueza da Igreja.

Entre os maiores dons de Deus à Igreja, conta-se a vida consagrada, nas suas variadas manifestações, fruto de um caminho já longo de escuta e discernimento da voz do Espírito Santo. Cada tempo da história tem sido agraciado com renovadas inspirações e tem visto surgir as formas mais adequadas para a realização dos mesmos objetivos: favorecer a vida em Cristo, testemunhar a alegria de viver n’Ele e servir os irmãos por amor d’Ele.

Nos modelos provenientes da tradição histórica ou criados pela novidade dos tempos atuais, a vida consagrada traz ligada a si a marca da vocação ao seguimento radical de Cristo. Nasce do chamamento escutado no bulício da vida quotidiana, na oração silenciosa, na vida eclesial apostólica e ativa. Surge no contexto da fé viva no Senhor Jesus Cristo e realiza-se numa identificação próxima com a sua pessoa, por meio do cumprimento dos conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência. A vida consagrada corresponde assim à vocação dos que procuram “seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo, a própria vida a Deus” (Perfectae caritatis, 1).

Ela é igualmente a vocação dos que possuem um amor maior para com a Igreja na pessoa de todos os seus membros, pois é inseparável o seguimento de Cristo do serviço à sua Igreja.

 

2. No coração da evangelização.

A história da evangelização é indissociável da história da vida consagrada. Na Europa ou nos outros continentes em tempos remotos ou nos tempos mais próximos, os consagrados constituem a grande força evangelizadora da Igreja. A fé cristã chegou mais longe graças à sua disponibilidade de homens e mulheres seduzidos por Cristo, dispostos a deixar tudo para O seguir e O anunciar.

A vivência em profundidade da consagração a Deus, tanto no silêncio da clausura como nos dinamismos apostólicos, produziu sempre frutos de evangelização. Ao reconhecer essa missão central à vida consagrada, o Concílio Vaticano II declarou que, “quanto mais fervorosamente se unirem, portanto, a Cristo por uma doação que abraça a vida inteira, tanto mais rica será a sua vida para a Igreja e mais fecundo o seu apostolado” (Perfectae Caritatis, 1).

A Igreja de hoje tem uma necessidade imperiosa dos consagrados para evangelizar o mundo. No despojamento da sua entrega a Deus e à Igreja, eles constituem um sinal verdadeiro do amor de Deus pelo seu povo e da felicidade que se alcança quando se põe n’Ele a confiança. A sua palavra suportada por um estilo de vida aberto aos outros, por uma fé incarnada e por uma esperança alicerçada em Deus, tem força persuasiva. O seu amor partilhado em gestos quotidianos de caridade, leva a marca inconfundível e inegável do Filho de Deus que morreu por aqueles que ama.

 

3. A 50 anos do começo do Concílio Vaticano II.

Ao celebrarmos a Semana do Consagrado, 50 anos após o início do Concílio Vaticano II, centramo-nos na missão evangelizadora, essencial à vida da Igreja e renovamos a consciência de que toda a Igreja é missionária e se alegra por levar o Evangelho ao mundo.

O próprio Concílio, ao contextualizar a vida consagrada no mistério da Igreja, realça o dinamismo espiritual de que é portadora, para depois afirmar que dele “nasce o dever de trabalhar na implantação e consolidação do reino de Cristo nas almas e de o levar a todas as regiões com a oração ou também com a ação, segundo as próprias forças e a índole da própria vocação” (Lumen gentium, 44).

A Igreja tem, por isso, muito a esperar da vida consagrada, neste tempo em que urge um novo ardor e uma nova metodologia na ação evangelizadora, ao mesmo tempo que “defende e favorece a índole própria dos vários Institutos religiosos” (Lumen gentium, 44).

À proteção de Nossa Senhora da Purificação confiamos a Semana do Consagrado 2012, para que dê a conhecer esta vocação como parte integrante da vida da Igreja, meio privilegiado de comunhão com Cristo em ordem à evangelização do mundo.

Coimbra, 12 de janeiro de 2012

D. Virgílio do Nascimento Antunes, presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

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