Sameiro é escola onde Maria é mestra O Arcebispo de Braga voltou a abordar o discurso feito por Bento XVI aos Bispos portugueses aquando a visita “Ad Limina” para esclarecer que o mesmo não pode ser visto como repreensão à Igreja de Portugal, mas antes como um «programa » para aperfeiçoamento da vida pastoral. «O aproveitamento faccioso por parte da comunicação social duma ideia desintegrada do seu verdadeiro contexto, não ousando afirmar que foi intencional mas que conduziu muita gente a descurar uma leitura integral da mesma mensagem, fez com que muitos outros aspectos fossem desconsiderados », afirmou D. Jorge Ortiga na homilia da missa solene da festa da Imaculada Conceição, no santuário do Sameiro. Por isso, o prelado quis voltar ao assunto que tem agita- do a opinião pública em torno da Igreja para aludir «a uma passagem maravilhosa» que o discurso do Papa encerrava e que se referia a Fátima. «Penso que podemos e devemos aplicar a todos os santuários Marianos e o Sameiro deveria, pelo seu amor ao Papa, aceitar as palavras do Papa Bento XVI como um autêntico programa capaz de rectificar – ou, se quisermos usar o verbo sublinhado pela comunicação social e pelo Papa, mudar estilos e mentalidades – para que este santuário e os outros se tornem, como tantas vezes tenho sublinhado, lugares privilegiados de Evangelização», frisou D. Jorge Ortiga. O Arcebispo de Braga lembra que o Santo Padre diz que Maria «ergueu (em Fátima e nos Santuários) a sua cátedra para ensinar… as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar». E, com isso, tornou- os uma «autêntica escola de fé com a Virgem Maria por Mestra» onde todos nos devemos colocar, em atitude humilde, como «alunos que necessitam de aprender a lição », acrescentou. Perante uma assembleia de várias centenas de fiéis que se concentraram na cripta do santuário, o Arcebispo convidou- os a tomarem uma «atitude de discípulos de Maria que, como Mestra», os coloca, «dum modo permanente e constante, na sua Escola de Fé». Assim, «se os santuários devem ser esta escola de fé, quem os procura não deve ter outra intenção e quem os orienta não deve ter outro programa», indicou o prelado. D. Jorge Ortiga exortou a que se encontrem «propostas concretas e variadas capazes de seduzir e atrair os públicos mais variados». «Precisamos de cuidar das pessoas mais simples mas não podemos ignorar as pessoas dos diversos mundos da vida humana », salientou, para indicar que «a arte, a economia, a política, a educação, a administração pública, o trabalho, os tempos livres são exemplos a suscitar uma criatividade grande para que os leigos manifestem o seu compromisso cristão no mundo». Por outro lado, os movimentos apostólicos necessitam igualmente «de abertura a problemáticas novas e não de simples limitação a um carisma que pode ser muito importante mas que só encontra a sua razão de ser se gerar para uma fé adulta», aconselhou o Arcebispo Primaz. Mas avisou que não se trata de «aventureirismos pessoais de quem aposta no que lhe parece melhor. O futuro da Igreja está na comunhão de se conseguir viver e oferecer no momento presente». «Os caminhos conduzem sempre a algum lugar. Importante seria que conduzissem à comunhão dentro e fora da Igreja. Não nos resta outra hipótese e é esta mudança que o Papa pede pois a frase mais citada segue-se imediatamente a este dever de construir comunhão», explicou D. Jorge Ortiga.