Mensagem de Saudação à Diocese do Funchal

Caríssimos Diocesanos da Madeira e Porto Santo Se possível fosse, gostaria de dirigir-me a cada um e a cada uma de vós, para expressar, com toda a simplicidade, a alegria e até mesmo a emoção que o dia de hoje em mim desperta. Tenho consciência que chego a uma Igreja detentora de um património extraordinário de história, e que tantas vezes ao longo dos séculos se transcendeu e revigorou no espírito missionário, na fantasia audaciosa da caridade, na contagiante esperança que é marca indelével da fé. A par da beleza natural destas ilhas, incessantemente elogiada, outra beleza soubestes construir. Queria sublinhar duas expressões dessa beleza cristã que muito me tocam, e me parecem constituir não apenas jóias do passado, mas verdadeiros mapas, roteiros de um futuro a descobrir e a acolher. A primeira de todas é o amor à Eucaristia. Já a primeira evangelização enraizou no coração dos madeirenses e porto-santenses a compreensão da centralidade da Eucaristia, ponto convergente do encontro do Homem com Cristo, lugar onde a Igreja de todos os tempos necessariamente nasce e renasce, fonte de vida, fecundidade e profecia cristãs. O modo vibrante como aqui se vive a Eucaristia, e como tradições tão enraizadas de religiosidade a prolongam, levou a que se chamasse a este arquipélago «ilhas do Santíssimo Sacramento». Sem dúvida que tal amor à Eucaristia se pode tornar um campo aberto à nova Evangelização – nova não apenas nas formas e linguagens, mas no ardor e entusiasmo – que, neste dealbar de Milénio, mobiliza a Igreja no seu todo. Outra forma da beleza que soubestes, que sabeis, construir é a capacidade de dar novos mundos ao mundo. A cultura mundial vive hoje grandes dilemas e conflitos quanto ao diálogo e encontro dos homens nas suas diferenças. Não raro, assistimos ao crescer da violência e de pesados muros de divisão. Penso que esta terra se pode orgulhar de, ao longo de gerações, se ter erguido como lugar de hospitalidade, pacificando o homem com a beleza e a sabedoria que ele pode contemplar na criação, e abrindo-o para uma harmoniosa relação com Deus e com outros. Este é um formidável património espiritual e de cultura que o povo madeirense deve potenciar sempre mais. A este propósito, quero lembrar também os nossos queridos emigrantes, que em número tão significativo, nas quatro partidas do mundo, dão grande testemunho destes valores do Cristianismo e do Humanismo. Hoje chego até vós. Sei que é uma grande responsabilidade, por tudo o que anteriormente disse, e pela grandeza dos desafios desta hora da Igreja. Chegando à vossa terra queria sobretudo chegar ao vosso coração e tornar-me, como vosso Bispo, um servidor da esperança. Da esperança de Deus, da vossa esperança. Que o olhar de Maria, Senhora do Monte, nos fortaleça e acompanhe nos caminhos a percorrer! D. António Carrilho, Bispo eleito do Funchal Funchal, 18 de Maio de 2007

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