MENSAGEM QUARESMAL
AOS CRISTÃOS DA DIOCESE DE COIMBRA
Estimados irmãos
De certo é desejo e propósito de todos nós viver bem o tempo da Quaresma. Para isso, não podemos olhá-la apenas como uma época do calendário, mas sim como resposta corajosa e abençoada a uma necessidade.
Que necessidade? A de endireitar os caminhos da vida social e da Igreja, começando pela vida de cada um de nós. Que estes caminhos andam tortos, desviados pelo individualismo, a infidelidade, o apego ao que murcha, todos o sentimos. Para os corrigir, eis a Quaresma, tempo de revisão de vida, de decisões fortes e de ajuda divina; digamos as palavras exactas: tempo de graça para nos convertermos, para ressuscitar.
O Santo Padre lembra-nos que este desejo tão cristão de constantemente melhorar a vida deita raízes no Baptismo. “Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma. (…) O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a ‘terra’, que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo”.
Assim, o Bispo de Coimbra propõe a todos os sacerdotes, diáconos, consagrados e demais fiéis responsáveis que leiam a mensagem do Santo Padre para a Quaresma, cujo texto segue junto, divulgando-a quanto possível e resumindo-a às comunidades.
Guiados por ela, orientemo-nos para o essencial, começando por um bom exame de consciência à nossa vida. Iluminados pela palavra divina, empreendamos “seriamente o caminho rumo à Páscoa” e cultivemos no nosso coração “o desejo do dom da ‘água a jorrar para a vida eterna’”.
A prática mais intensa da caridade, sobretudo como resultado de sacrifício pessoal em favor dos irmãos, deve integrar o nosso programa quaresmal.
Para além das iniciativas de cada um, vamos empenhar-nos numa Campanha de Renúncia Quaresmal, a que damos o título bíblico “Reparte o teu pão”.
Vamos apoiar o pagamento de medicamentos a quem manifestamente os não possa comprar; vamos também ajudar agregados familiares em situações de fragilidade, originadas pelo desemprego e redução do abono de família. Esta nossa campanha integra-se no programa do Fundo Social Solidário, criado recentemente pela Conferência Episcopal Portuguesa.
Retomo a minha advertência para que vivamos a Quaresma centrados no essencial: a conversão a uma vida própria de baptizados, onde o amor a Deus, alimentado na oração, na purificação do pecado e correcção dos defeitos, onde a procura da graça e o amor compreensivo e sacrificado pelo próximo são a fonte de tudo o mais.
De facto, marcados pelo utilitarismo e a preferência do pragmático, tão característicos da nossa época, tendemos a viver a Quaresma prioritariamente pela dinamização de campanhas, participação em palestras temáticas, organização de procissões e cerimónias tradicionais. Tudo isso é bom, mas que seja ajuda. Não nos fiquemos na procura dos frutos, saibamos ir à raiz da árvore.
E que a graça do Senhor seja luz e força neste nosso caminho, pessoal e comunitário, para a Ressurreição da Páscoa.
Coimbra, 9 de Março de 2011
Albino Mamede Cleto
Bispo de Coimbra