Mensagem de Páscoa do bispo de Angra

Olhar o futuro com esperança

É de esperança a mensagem que nos vem da fé em Cristo Ressuscitado, Mistério que os cristãos celebram na Páscoa. A fé cristã é esperança, porquanto é «garantia do que se espera e certeza do que não se vê» (Heb 11, 1). É esperança certa. Não mera probabilidade, nem sonho visionário de quem não tem em conta a realidade ou ingenuidade de quem não vê os problemas. É certeza de que se há de realizar o que se espera e que ainda não se vê, nem possui.

«Pois nossa salvação é objeto de esperança; ver o que se espera, não é esperar. Acaso alguém espera o que vê? E se esperamos o que não vemos, é na perseverança que o aguardamos (Rm 8, 24-25). Bem sabemos – adverte Paulo – que a humanidade como que sofre as dores de parto, até que nasça o mundo novo (cf. Rm 8, 22-23).

A vitória pascal é semente de vida nova, que deve germinar e frutificar, já neste mundo.

No Crucificado-Ressuscitado já vencemos a morte, o mal e tudo o que oprime o ser humano. Portanto, é possível olhar o futuro com esperança. Que nos compromete, aqui e agora, na construção do Reino de Deus, que é Reino de Justiça, Amor e Paz.

Precisamente, porque acreditamos no futuro da humanidade, pomos mãos à obra, dando o nosso contributo, para fazer surgir e consolidar uma sociedade mais justa e fraterna. No quadro dos valores, em que acreditamos e que são claramente expressos na Doutrina Social da Igreja.

Precisamos – é verdade – de bons governantes, mas nem tudo depende dos Governos. A sociedade civil tem de ser mais viva. Precisamos de cidadãos ativos e intervenientes, que sejam parte da solução dos problemas que enfrentamos com a presente crise.

Daqui a semanas há eleições para a Assembleia da República. É o momento próprio para exercer a nossa cidadania ativa. O cristão esclarecido e comprometido sente a obrigação de votar. Não deixa que sejam outros a escolher por si. Não se pode, nem deve alinhar na crítica fácil e generalizada da Política. É uma atividade “nobre” de serviço ao bem comum. Como em tudo, há atores bons e outros menos bons. As eleições são o momento certo para escolher.

Vamos celebrar a Páscoa, num momento difícil para a nossa vida coletiva. Não esqueçamos que Páscoa é “passagem”: da Paixão à Ressurreição. A Paixão leva à Ressurreição. E não há Ressurreição sem Paixão, no sentido de entrega total e de capacidade para enfrentar os sacrifícios, que se impõem. Acreditamos que as dificuldades do momento presente podem ser oportunidades de crescimento. Se as soubermos encarar, todos juntos, com responsabilidade e engenho.

Feliz Páscoa, na esperança que nos vem do Crucificado-Ressuscitado! 

+ António, Bispo de Angra

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