Páscoa Deliciosa
Mensagem para o Tempo Pascal
Iniciamos o último trimestre dum período longo dedicado à Palavra de Deus.
Quisemos que ela entrasse nos dinamismos mais íntimos das nossas comunidades e
que encontrasse nos cristãos um espírito de abertura, em ordem a um conhecimento
mais profundo e a uma vida norteada pelas suas diretivas.
O evangelho do Domingo de Páscoa relata-nos o pormenor interessante de duas
corridas: por um lado, Maria Madalena vai ao sepulcro e, depois de ver a pedra
retirada, vai a correr até junto de Simão Pedro; por outro lado, este e o discípulo
amado correm apressadamente até ao sepulcro, após esta notícia. Perante esta
“corrida da fé”, alimentada pela fé na Ressurreição de Jesus, uma outra corrida surge:
a missão. Por isso, chegado o Tempo Pascal, a última pergunta do nosso programa
pastoral impõe-se: qual a nossa missão?
É hora de nos interrogarmos sobre os frutos e de reconhecermos se os objetivos
foram alcançados. Importa colocar-se em questão e não ter medo de intensificar a
caminhada para confirmar opções ou recuperar o tempo perdido. Deus continua a ser
graça para colocar a Sua Palavra no centro da vida das comunidades. Por vezes, parece
que continua a existir muito medo de efetuar a revisão. Mas Deus está ao nosso lado
e amparamos com a sua providência. Logo, queremos ser uma reserva do passado ou
promotores criativos de novas iniciativas?
Partimos dum pressuposto carregado duma enorme simbologia. Somos a vinha
muito amada de Deus, onde a Sua ternura se patenteou nos cuidados que lhe dedicou,
que deve produzir frutos e inutilizar os agraços que deturpam a sua missão. Há frutos
novos a produzir. A força que retirou a pedra do túmulo dá-nos coragem para sermos
ousados.
Queremos ser vinha amada, não para nosso mero proveito, mas para delícia da
humanidade! Estamos no mundo e reconhecemos que a verdadeira alegria está na
fidelidade ao dever cumprido. Mas por outro lado, o mundo é o nosso permanente
juiz. Não nos impomos pela história ou pelo ambiente que nos circunda. Como certeza
de ser “sinal de contradição”, sabemo-nos vocacionados para que nos reconheçam
como realidade que lhe diz alguma coisa.
Muitos cristãos continuam instalados num saudosismo que nos distinguiu. Mas
os tempos mudaram e já não nos podemos contentar com a normalidade. Se não
corrermos a entrar nas problemáticas contemporâneas, não estaremos a anunciar o
sentido da vida, levando a Igreja a perder vitalidade. A tarefa é deveras ingente e só a
fidelidade ao projeto de Cristo marcará a nossa diferença, incutindo no ADN das
pessoas uma nova geração: a “geração da Palavra”.
O que falta para tal acontecer? Aquilo que cada um poderá e deverá fazer para
ser Palavra, aqui e agora. A Igreja será delícia da humanidade, se cada um se deliciar
com este alimento de valor eterno nos lugares que per-corre. Que a Páscoa renove o
empenho para realizarmos o que falta, a fim de nos tornamos uma comunidade unida
pelo mesmo Espírito Pentecostal.
† Jorge Ortiga, A.P.
5 de abril de 2012.