Mensagem de Páscoa da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana

Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe… (Jo 19,25) É impressionante a cena da crucifixão de Jesus e o pormenor narrado pelo evangelista João, ao dizer que, de pé, junto à cruz, estavam sua mãe e mais algumas pessoas amigas, rodeadas de algozes e muitas outras que o insultavam, ao contrário do que se vê em muitas representações desse episódio. Esta é a atitude da mãe que tem fé. Acredita na inocência do seu filho e na manifestação do poder e misericórdia de Deus através do sofrimento e rejeição por parte daqueles que precisam de ser salvos. Mas é também a atitude de quem ama e está presente nos momentos de dor, mesmo nada podendo fazer para a afastar. Maria é também para nós, discípulos do crucificado, o modelo da nossa fé, a mãe da Igreja, a estrela da nossa esperança e da nova evangelização. Neste mundo marcado por tantos progressos da ciência e da técnica, mas também por tanto sofrimento e abandono espiritual e físico de muitas pessoas, queremos celebrar os acontecimentos centrais da nossa fé, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, com Maria e como Maria. Como ela queremos estar junto dos que sofrem, de pé, sem medo, sem lamúrias de desespero, como pessoas que acreditam na ressurreição, fazendo tudo o que está ao seu alcance para minorar o sofrimento, mas também convictos de que a dor, a violência, o ódio e a morte não têm na última palavra na história de Deus com a humanidade. Acreditamos na vitória da vida, do amor, da comunhão universal, até que Deus seja tudo em todos. Na nossa acção pastoral queremos dedicar uma atenção especial aos doentes, na alma e no corpo, dando-lhes todos os apoios da Igreja e, sobretudo, estando com eles, física e espiritualmente. Viver o tempo pascal com Maria Normalmente uma parte do tempo pascal decorre durante o mês de Maio, na nossa tradição especialmente dedicado a Maria. Em Fátima, no ano de 1917, ela veio recordar-nos a mensagem de oração, misericórdia, perdão e paz, vivida há dois mil anos por ela e por Jesus, seu filho. Infelizmente, esquecemos rapidamente aqueles que nos querem bem e sobretudo a dimensão espiritual da pessoa e da vida humana. Facilmente nos agarramos aos ídolos, que não podem salvar, mas apenas iludir-nos por um tempo e escravizar-nos. Precisamos de despertar novamente para a nossa relação profunda com Deus e uns com os outros, para os valores evangélicos. Nos países para onde emigraram as comunidades portuguesas organizam festas e procissões em honra de Nossa Senhora de Fátima. São momentos importantes para fortalecer a nossa identidade, tecida de tradições religiosas, muito especialmente pela devoção mariana. Não é por acaso que se chama a Portugal terra de Santa Maria. Afirmando deste modo a nossa fé e confiança em Nossa Senhora em terras estrangeiras, sabemos que assim estamos a dar um forte contributo para a construção da verdadeira cidadania num mundo globalizado, mostrando que no respeito pela diversidade cultural e religiosa dos cidadãos estamos a participar na formação de uma sociedade mais unida e coesa. Nossa Senhora de Fátima ajuda-nos a caminhar com todos, em paz, rumo à pátria definitiva, que Jesus Cristo ressuscitado nos foi preparar. Neste sentido, como bispo presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana da Igreja de Portugal, saúdo os nossos emigrantes e felicito a todos pelas múltiplas iniciativas de manifestar publicamente a sua fé e devoção a Maria. Pentecostes com Maria A Páscoa atinge o seu termo e realização plena cinquenta dias depois, no Pentecostes, com a vinda do Espírito prometido por Jesus aos seus apóstolos. Há dois mil anos, Maria estava com os Apóstolos nesse dia de Pentecostes (cf Act 1, 14). Maria, a primeira a ser coberta com a “sombra do Espírito Santo”, vai ajudar-nos a compreender a necessidade que temos do Espírito de Jesus Cristo e a abrir-nos a Ele. Fixando a atenção no testemunho de Maria junto à cruz e na sua presença entre os apóstolos no Pentecostes, desejo a todos os emigrantes alegres festas pascais. De pé, junto dos que sofrem ou se alegram, celebremos a certeza de que na Páscoa de Cristo a vida venceu a morte e o pecado e continuará a fazê-lo, também através daqueles que ficam de pé junto dos que sofrem e das vítimas do egoísmo e do pecado. † António Vitalino, Bispo de Beja

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