Mensagem de Natal da LOC/MTC – Braga

“Não havia lugar para eles na hospedaria”

A LOC/MTC – Movimento de trabalhadores cristãos – toma a iniciativa, em cada Natal, de se dirigir aos seus militantes, aos trabalhadores e suas famílias, para os saudar e lançar-lhes alguns apelos que constituem o seu pensamento e a nossa acção. E porquê no Natal? Pela força social, afectiva e transcendente que esta quadra transporta, quer para os trabalhadores crentes, quer para os não crentes, daí a razão da nossa mensagem.

Hoje o Natal apresenta-se-nos com um tal cunho de apelo ao consumo, mesmo de algumas inutilidades, que é indispensável que repensemos a sua essência de festa espiritual e fraterna.

É habitual dizermos que não ter trabalho é, também, não ter Natal. Porque o Natal é abundância de bens superiores e é também esperança de um futuro melhor, mas a falta de segurança económica está a levar muitos ao desencanto e até à desistência radical.

É tal o desânimo e angústia que se abate sobre as pessoas e famílias, provenientes de uma intensa e real crise mundial e da sua ampliação constante pelas televisões e outros órgãos de comunicação social, que sentimos o grave dever de cidadania de apelar a que ninguém se deixe abater, que todos se sintam confortados e impelidos à acção pela Mensagem de Natal.

Porque, mesmo ao pé de nós, a desumanidade acontece: são as mulheres carregadas de preocupações e algumas vítimas de abusos de toda a ordem, são os jovens com dificuldades, sem perspectivas profissionais e sem segurança, são as crianças dos meios pobres com escasso sucesso escolar e a quem está a ser roubada a melhor parte do seu futuro, são os reformados, ainda com energias, desanimados e sem objectivos, são os migrantes que não se sentem ainda incluídos e engrossam o caudal de novos pobres, desprezados e sem horizontes.

As narrativas evangélicas situam-nos hoje, de uma forma especial, perante a urgência individual, colectiva e institucional do que é preciso fazer para que tantos milhões de seres humanos deixem de viver em currais e possam ter casa e trabalho condignos, salários justos e qualidade de vida adequados à sua condição de cidadãos de pleno direito, pois, como dizemos com inteira verdade, todos somos filhos de Deus.

S. Lucas, ao descrever as circunstâncias do nascimento de Jesus, sublinha o pormenor da azáfama em Jerusalém e arredores, devido ao recenseamento e também da angústia de Maria e de José na procura de um lugar para o nascimento do Menino. Porém, o Evangelista dá-nos um relato muito expressivo, quando diz que “não havia lugar para eles na hospedaria”, isto é, na escassez do momento eram eles que não tinham lugar.

O Deus Menino tomou a nossa condição, fez-se um dos mais pobres de entre nós e começou pela experiência de se ver recusado numa simples hospedaria onde pretendia nascer com dignidade humana. Hoje, tantos de nós batem à porta das empresas, de pessoas singulares e de instituições, sem sucesso, à procura de um trabalho que lhes permita um sustento adequado e a felicidade pessoal de participar e de serem aceites.

É neste quadro, porém, que a LOC/MTC, vive a sua esperança de Natal, uma esperança activa e lutadora, certa de que está nas mãos de cada um e de todos, também nas mãos dos mais pobres e oprimidos, a energia que poderá edificar uma nova realidade. A LOC/MTC acredita em Deus que se fez um frágil Menino, e acredita em ti, mulher ou homem a quem hoje nos dirigimos.

Acreditamos que um dia a partilha do trabalho é possível.

Esta é a nossa Fé, esta é a Mensagem do Natal que impele o movimento LOC/MTC da Diocese de Braga.

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