“O Natal convida-nos a procurar caminhos para desfazer estes desencantos”, defendeu
Guarda, 13 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo da Guarda partilhou hoje a mensagem para o Natal, na qual fez referência “aos fatores de desilusão” em que os portugueses se encontram envolvidos e que não podem ser ignorados.
“O Natal convida-nos a procurar caminhos para desfazer estes desencantos e para, em contrapartida, potenciar tudo o que possa trazer nova esperança”, afirmou em nota enviada à Agência Ecclesia.
D. Manuel Felício, com base num inquérito feito por especialistas, em 30 países da Europa, incluindo Portugal, abordou o descontentamento da população portuguesa face aos políticos e partidos políticos, o funcionamento da justiça e as limitações do sistema democrático que não têm conseguido “fazer diminuir o desequilíbrio entre ricos e pobres”.
“Quanto aos políticos e aos partidos políticos, é este o tempo para eles apresentarem os seus projetos e que os cidadãos em geral procurem intervir na sua definição para depois fazerem a escolha que se impõe”, indicou.
No que respeita ao sistema de justiça, de acordo com o bispo diocesano “não é tolerável a excessiva morosidade dos processos e que, em muitos deles, a culpa continue a morrer solteira”.
D. Manuel destaca ainda assim um indicador positivo que dá conta que, no conjunto de países inquiridos, “os portugueses são aqueles que manifestam maior acolhimento para os imigrantes”.
“Essa atitude, que o Papa Francisco, de forma recorrente, tem incentivado, também faz parte do espírito do Natal. Claro que esse acolhimento precisa de ser complementado com iniciativas de inserção, seja através do ensino, seja na saúde ou na proteção social”, mencionou.
“Quando quase dez por cento da população portuguesa já é constituída por estrangeiros (os números apontam para 800 mil) este cuidado não pode faltar”, disse ainda.
O bispo diocesano apresentou a mensagem de Natal ao início da tarde, na Casa Episcopal, na Guarda, tendo sido questionado pelos jornalistas sobre o crescimento da extrema-direita, cujas convicções contrariam a mensagem de acolhimento.
O comum dos portugueses tem “uma atitude tolerante e de aceitação com aqueles que nos procuram”, defendeu, acrescentando que “todos os extremismos, por natureza, são prejudiciais para as pessoas”, que “vão por eles, às vezes, porque não veem outra tábua de salvação”.
“Com um afastamento das forças políticas do real interesse do povo, nós nunca chegamos a parte nenhuma”, frisou o bispo, referindo-se à situação política.
Na mensagem de Natal, o bispo lembrou o tema da Jornada Mundial da Juventude, em que “Jesus foi o centro da festa”.
“Agora vamos viver a Festa de Natal, olhando para o nascimento do mesmo Jesus em Belém e para a sua mensagem”, assinalou, acrescentando: “Mais do que uma mensagem, o Natal é a presença de Jesus nascido em Belém na nossa vida, para nos abrir os caminhos da esperança”.
“Que a Festa do Natal, com o espírito e a luz do Menino do Presépio, nos ajude a progredir no cuidado de uns pelos outros e no bom acolhimento devido a todos, sem excluir ninguém”, apelou.
LJ/OC