Mensagem de Natal 2025

D. José Ornelas, Presidente da CEP

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Aproxima-se o Natal, que celebramos no meio de trevas assustadoras, ecos de guerra e receios de segurança, destruição, miséria e morte, mas onde se faz igualmente ouvir o vagido de um menino recém-nascido, convidando à ternura e apelando ao respeito e cuidado atento e abrindo horizontes de futuro e de esperança. Também neste Natal vivemos um tempo repleto de desafios e tribulações, em Portugal e no mundo. Contudo, Jesus, que vem para as nossas famílias, a Igreja e as nações, convida-nos a escutar o choro de tantas crianças e os dramas espalhados pelo mundo, com os olhos de compaixão e fé ativa, neste ano Jubilar da esperança que estamos a concluir.

A par da violência da injustiça e da revolta, da apatia e da incapacidade de muitos, o Natal de Belém mostra igualmente a solidariedade informal e generosa dos mais humildes e sofridos. Eles sentem-se tocados pelo drama de uma família de forasteiros à espera do bebé das suas esperanças e respondem com a generosidade frugal das suas vidas, com gestos de boas-vindas e solidariedade para com o Filho de Deus que vem ao mundo, pedindo para ser cuidado e acarinhado, Ele que veio para cuidar e oferecer a misericórdia, a vida e a esperança do Pai do Céu.

É com esse olhar e atitude de Belém, que o Natal nos convida a ser proximidade amiga e ativa para com:

  • as famílias consumidas pelo elevado custo de vida;
  • os jovens que não encontram futuro por falta de emprego digno e habitação;
  • os idosos que vivem no silêncio do abandono;
  • os migrantes que encontram desconfiança, indiferença e portas fechadas;
  • as vítimas da pobreza que se tornam invisíveis;
  • os presos que vivem esquecidos;
  • os doentes que sofrem, no corpo e na alma, a fragilidade da vida;
  • os profissionais de saúde exaustos que procuram responder aos constrangimentos no acesso aos serviços;
  • os inocentes que sofrem os danos das guerras, da injustiça e do esquecimento.

Foi neste mundo que Deus escolheu nascer: não num presépio de ouro, mas na fragilidade e na periferia onde a humanidade vive dilacerada. Por isso, a paz de que precisamos e que devemos levar ao mundo, é uma paz que tem de partir da proximidade, de pontes e gestos concretos. Essa paz começa nas nossas casas, nas nossas famílias, nas nossas relações, nas nossas comunidades e nas nossas ruas. O presépio do Deus Menino é aquele onde cabem todos quantos perderam a esperança.

Que este Natal desperte no coração de cada um de nós o desejo de construir uma sociedade mais justa onde o respeito pela dignidade humana prevaleça. Sejamos capazes de redescobrir e replicar o presépio de Belém onde Jesus vem ao encontro da humanidade e traz luz ao caminho para a verdadeira paz que une os povos e cura as feridas.

Santo e feliz Natal para todos.

D. José Ornelas Carvalho,
Bispo de Leiria-Fátima e Presidente da CEP

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