Mensagem de D. António Francisco dos Santos para o encerramento do Ano Sacerdotal

Pastores segundo o Coração de Deus

1.Realiza-se de 8 a 11 deste mês de Junho, em Roma, um Encontro Internacional de sacerdotes, concluindo com a celebração da Eucaristia, presidida pelo Santo Padre Bento XVI, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, no encerramento do Ano Sacerdotal.

Estão inscritos neste Encontro mundial mais de sete mil sacerdotes, provenientes dos mais diferentes países do mundo.

É de certo modo o culminar do caminho percorrido pelas dioceses e pelas ordens, congregações e institutos religiosos de todo o mundo, que ao longo deste ano procuraram viver em sintonia com o Sucessor de Pedro e a exemplo do Cura d’Ars e de tantos outros testemunhos de vida e de ministério a alegria da vocação e a beleza da missão. Deve ser igualmente um momento de bênção e de incentivo à fidelidade para prosseguir no horizonte do futuro o percurso de santidade e de autenticidade de vida e de zelo apostólico de uma entrega ao ministério com renovada alegria e reconfortante generosidade. Creio mesmo que a seguir a esta exigência primeira de verdade de vida, de purificação da memória e de santidade de ministério se seguirá um surgir abundante de vocações para a vida sacerdotal, concretamente no nosso País.

Todos sabemos que, lado a lado, com o chamamento de Cristo e com a generosidade dos jovens devem caminhar o viver orante da comunidade e o testemunho fiel e feliz dos chamados. E tudo isso felizmente temo-lo encontrado de forma mais viva e em tons de beleza e exemplos de verdade encantadores ao longo de toda a nossa vida e muito concretamente durante este ano.

Foram muitas as iniciativas encontradas e belos os caminhos percorridos, por onde vão passar necessariamente os percursos da Igreja no futuro. Hoje mesmo, ao completar a hora de acção de graças por um belo dia vivido, em Igreja Diocesana, tive acesso, através das novas tecnologias da comunicação, a uma inspirada homilia feita por um sacerdote em celebração do Corpo de Deus, que unindo o mistério da Eucaristia e o ministério do sacerdote, se faz confissão sincera, à maneira de Agostinho, o santo bispo de Hipona e se afirma testemunho disponível de doação ao jeito de João Vianney, o humilde Cura d’Ars. Gestos destes são sinais sacramentais de Deus para o povo sacerdotal e luz que deve brilhar no mundo, em horas conturbadas de medo e de confusão.

 

2. O Santo Padre Bento XVI esteve connosco em Portugal. Foi para nós sacerdotes, certamente, a melhor bênção deste Ano sacerdotal. Demos graças a Deus.

Neste caminho iniciado em cada Diocese a realização do Simpósio do Clero em Fátima constituiu também um momento marcante, de grande significado, a reavivar o dom de Deus que está em cada um de nós sacerdotes.

Da presença do Santo Padre e das suas mensagens dirigidas aos sacerdotes em Portugal, eu sublinharia um sentimento, uma palavra e um gesto. Como sentimento realço: “ A todos vós que doastes a vida a Cristo, desejo exprimir o apreço e o reconhecimento eclesial”; como palavra, recordo: “Permiti abrir-vos o coração para vos dizer que a principal preocupação do cristão, nomeadamente do ministro do Altar, há-de ser a fidelidade, a lealdade á própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote”; como gesto, destaco o belo acto de confiança e de consagração dos sacerdotes ao Imaculado Coração de Maria, em Fátima. (cf. Discurso de Bento XVI, Fátima, 12.05.2010).

Nós, bispos portugueses, em mensagem de imediato enviada ao Santo Padre, agradecemos-lhe a riqueza dos seus gestos e das suas palavras. Nestes gestos aprendidos com ele e nas palavras dele recebidas, queremos continuar a agradecer-vos, irmãos sacerdotes, a vossa vida e o vosso ministério, desejamos acompanhar-vos, como irmãos que somos, na vossa fidelidade em todos os momentos, sejam de alegria ou de provação, e prometemos confiar-vos, na oração de louvor de cada manhã e na Eucaristia diária, ao cuidado terno da Mãe de Deus a quem diariamente nos consagramos.

 

3.Para nos ajudar na vivência destes dias e para intensificar o sentido deste Ano sacerdotal, fazendo do seu fim um novo início, a Comissão Episcopal Vocações e Ministérios organizou um Guião pastoral pensado e desenhado em forma de tríduo, preparando no tempo a conclusão deste tão importante momento da vida da Igreja e prolongando para lá do tempo a pedagogia da oração, da meditação e da contemplação que sempre deve inspirar a vida e o ministério do padre.

Deve-se este Guião aos Padres Dehonianos, Sacerdotes da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, e mais concretamente ao Padre Manuel Joaquim Gomes Barbosa, que associa a esta sua identidade e carisma dehonianos a feliz coincidência de ser o Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e Vice-Presidente da União dos Superiores Maiores da Europa. A comunhão desde sempre afirmada entre a CEVM e a CIRP constituem também para todos nós um sinal promissor de serviço prestado à Igreja e às vocações e ministérios.

Importa, a partir das vivências deste Ano Sacerdotal e das propostas de oração e reflexão que o presente Guião nos oferece sabermos fazer destes dias o início de tempos novos, procurando estar atentos ao que o Espírito quer dizer à sua Igreja, como povo sacerdotal.

A abençoada oportunidade que me é dada de estar, em Roma, com o Santo Padre, no próximo dia 11 de Junho, diz-me que o devo fazer em nome de todos os sacerdotes e que mais uma vez, com igual verdade, devo dizer ao Santo Padre a alegria da nossa comunhão e a certeza da nossa fidelidade.

Ao povo de Deus a quem servis, irmãos sacerdotes, com inexcedível generosidade, temos o dever de pedir que reze por nós, que olhe para nós com um olhar de fé e que nos ajude no esforço de santidade, para que na unidade da fé e na diversidade de ministérios, sejamos para o mundo certeza da presença de Deus e sinal de esperança nestes tempo de aumentadas dificuldades mas também de grandes testemunhos da vida, de fé e de generosidade que a todos nos encantam e fazem felizes.

Aveiro, 6 de Junho de 2010

+António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios

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