Mensagem de D. António Carrilho, aos participantes nas Jornadas Regionais das Escolas Católicas

Educar: grande desafio e importante tarefa A realização destas Jornadas Regionais das Escolas Católicas constitui para a nossa Diocese do Funchal um acontecimento de grande importância: antes de mais, por possibilitar um encontro alargado de responsáveis e docentes de um sector significativo do sistema escolar; depois, por permitir o diálogo, o debate e o pôr em comum de uma série de questões, na perspectiva do lema das Jornadas: “Escola Católica – Identidade e desafios”. Na verdade o acto de educar nem sempre é fácil e todos quantos se encontram envolvidos e têm responsabilidades na tarefa educativa sabem como hoje, nas escolas, se sentem muitas dificuldades. Tal situação, no entanto, também oferece oportunidades consideráveis às instituições de educação, em geral, e de forma especial às Escolas Católicas, de reflectirem e questionarem o seu papel e o modo como o assumem e desempenham na sociedade actual. Neste sentido, assume a maior importância relembrar que o sistema escolar é um sistema educativo, ou seja, a escola procura não apenas a instrução, a comunicação de conhecimentos e o desenvolvimento cognitivo, mas a educação, o crescimento global e o desenvolvimento integral do aluno: “A educação autêntica é a educação integral da pessoa” (CEP. Escola em Portugal-Educação Integral da Pessoa, nº5). Isto exige que a escola se considere complementar de outras instâncias formativas, como a família (principal responsável e parceiro privilegiado), a comunidade religiosa, as actividades curriculares, extra-curriculares e outras, e se constitua como verdadeira comunidade, capaz de concretizar a missão da educação: formar pessoas e prepará-las para o contacto com a realidade, crescendo com projecto de vida e de integração social. É, assim, importante sublinhar que um dos grandes desafios para qualquer escola e, de modo especial para a Escola Católica, consiste, mais do que nunca, em construir-se e afirmar-se como uma verdadeira comunidade de pessoas. A Escola deverá constituir-se como um lugar de encontro entre os jovens e os educadores, onde uns e outros descobrem juntos a realidade, onde actuam em conjunto e em conjunto assumem responsabilidades. Uma comunidade solidária que se constrói na justiça, na equidade, na colaboração, na misericórdia e na fraternidade, impulsionando um movimento contra a apatia, a solidão e a amargura, contra uma mentalidade meramente económica e contra a fragmentação da nossa sociedade. A Escola Católica deverá igualmente afirmar-se como uma comunidade que aprende a interpretar a realidade e a descobrir o sentido mais profundo da vida; uma comunidade criativa na tarefa de abrir os jovens à interioridade e à descoberta do Transcendente. Esta preocupação pelo “sentido do transcendente” abre-os, por sua vez, à possibilidade de uma relação pessoal com Deus, em Jesus Cristo. Tarefa difícil, sem dúvida, mas de fundamental importância e que terá de contar com o indispensável testemunho dos professores, sobretudo pela coerência de vida, pela competência profissional e pela qualidade da sua pedagogia educativa. Estas Jornadas, em boa hora programadas e organizadas pelo Departamento da Escola Católica (DEC) do Secretariado Diocesano da Educação Cristã, pretendem ser um espaço de partilha e reflexão, uma forte chamada de atenção e uma intensa interpelação a todos os educadores, para que tomem consciência de que a educação continua a ser, absolutamente, uma missão de personalização (promoção e construção da pessoa). Esperamos, confiadamente, que estas Jornadas atinjam os seus objectivos para o bem da Escola Católica e da educação em geral, na nossa Região. Esperamos que a Escola Católica consiga ser, mais visivelmente, uma presença dos cristãos no sistema educativo e contribua, de forma inequívoca, para uma visão integral da pessoa, da comunidade e do mundo e para o relacionamento harmonioso entre todos. Que a Escola Católica se afirme, nestas Jornadas, como anunciadora de uma mensagem de fé e de esperança: uma comunidade de conhecimento, mas também e sobretudo uma comunidade em crescimento no sentido da sabedoria e da fé. Educar é, sem dúvida, um grande desafio e uma importante tarefa para todos nós! † António Carrilho, Bispo do Funchal

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Agência ECCLESIA

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