Mensagem de Ano Novo de João Paulo II

Homilia na celebração do Dia Mundial da Paz 1. “Ao chegar à plenitude dos tempos, enviou Deus seu Filho, nascido de mulher” (Gal. 4,4). Hoje, Oitava de Natal, a Liturgia apresenta a imagem da Mãe de Deus, a Virgem Maria. O apóstolo Paulo assinala-a como a “mulher” por meio da qual o Filho de Deus entrou no mundo. Maria de Nazaré é a “Theotokos”, que “deu a luz ao Rei que governa o céu e a terra pelos séculos dos séculos”. No início deste novo ano colocamo-nos docilmente na sua escola. Desejamos aprender dela, a Mãe santa, e acolher na fé e na oração a salvação que Deus não deixa de oferecer a quem confia no seu amor misericordioso. 2. Neste clima de escuta e de oração, damos graças a Deus por este ano novo: que seja para todos um ano de prosperidade e de paz! Com este anúncio dirijo com gosto uma saudação distinta aos ilustres senhores embaixadores do Corpo Diplomático creditado ante a Santa Sé, presentes nesta celebração. Saúdo cordialmente o cardeal Angelo Sodano, Secretário de Estado, os meus colaboradores da Secretaria de Estado. Junto com eles, saúdo o cardeal Renato Raffaele Martino, assim como todos os componentes do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Agradeço-lhes o seu compromisso para difundir por toda parte o convite à paz que a Igreja proclama constantemente. 3. “Um compromisso sempre actual: educar na paz”: este é o tema da Mensagem para a Jornada Mundial da Paz que hoje se celebra. Está ligado ao que propus ao início de meu Pontificado, confirmando a urgência e a necessidade de formar as consciências na cultura da paz. Dado que a paz é possível – quis repetir – é um dever. Diante das situações de injustiça e de violência que oprimem várias zonas do planeta, diante da permanência de conflitos armados com frequência esquecidos pela opinião pública, faz-se cada vez mais necessário construir juntos caminhos para a paz; faz-se por isso indispensável educar na paz. Para o cristão, “proclamar a paz é anunciar a Cristo que é “nossa paz” (Ef. 2, 14) e anunciar o seu Evangelho que é “o Evangelho da paz” (Ef. 6, 15), exortando todos à bem-aventurança de ser “construtores da paz”, de que era também testemunha D. Michael Aidan Courtney, meu representante como núncio apostólico no Burundi, tragicamente assassinado há uns dias enquanto desempenhava a sua missão em favor do diálogo e da reconciliação. Rezemos por ele, com o desejo de que seu exemplo e sacrifício tragam frutos de paz para o Burundi e para o mundo. 4. Todos os anos, neste período do Natal, dirigimos o nosso olhar para Belém para adorar o Menino, posto no presépio. A terra na qual nasceu Jesus continua a viver, infelizmente, em condições dramáticas. Em outras partes do mundo também não se apagam os rumores de violência e os conflitos. É necessário, contudo, perseverar sem ceder à tentação da desconfiança. É necessário um esforço por parte de todos para que se respeitem os direitos fundamentais das pessoas através de uma constante educação na legalidade. Com este objectivo há que se fazer todos os possíveis para superar “a lógica da estrita justiça” e “abrir-se também à do perdão”. De facto, “não há paz sem perdão!” Cada vez se experimenta mais claramente a necessidade de uma nova ordem internacional, que recolha a experiência e os resultados alcançados nestes anos pela organização das Nações Unidas; uma ordem que seja capaz de dar soluções adequadas aos problemas de hoje, fundadas na dignidade da pessoa humana, em um desenvolvimento integral da sociedade, na solidariedade entre os países ricos e os países pobres, na capacidade de compartilhar os recursos e os extraordinários resultados do progresso científico e técnico. 5. “O amor é a forma mais alta e mais nobre de relação dos seres humanos entre si”. Esta consciência guiou-me ao redigir a Mensagem do Dia Mundial da Paz que hoje celebramos. Que Deus nos ajude a construir todos juntos a “civilização do amor”. Só uma humanidade na qual vença o amor será capaz de gozar de uma paz autêntica e duradoura. Que Maria nos alcance este dom. Que ela nos apoie e acompanhe no caminho árduo e entusiasmante da edificação da paz. Por isto rezamos com confiança sem cessar: Maria, Rainha da paz, roga por nós! Homilia de João Paulo II na celebração do Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2004

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