Mensagem de Advento e Natal do Fórum de Organizações Católicas de Apoio aos Imigrantes (FORCIM)

Neste Advento e Natal de 2007, como Organizações Católicas de apoio aos Imigrantes, queremos, enviar uma mensagem de paz e esperança, de alegria e solidariedade a todos os homens e mulheres do nosso país, solidarizando-nos com todos, mas, de uma forma muito especial, com todos os que, devido a circunstâncias adversas nos seus países de origem, escolheram ou se viram forçados a escolher Portugal para viver e trabalhar. Vivemos tempos difíceis! As situações de crise económica, política e social repercutem-se, cada vez mais, na vida concreta das pessoas, e manifestam-se de maneira especial, na falta e precariedade de emprego e, por consequência, num maior empobrecimento de grande parte da população, fazendo aumentar os conflitos sociais, originando vagas de migrações que buscam, longe das suas terras, os meios para viver com o mínimo de dignidade. A situação actual de crise económica afecta todos, mas especialmente os pobres e com mais força os imigrados, frequentemente em situação irregular e precária, sendo explorados, sem direitos efectivos e sem esperança. Nós, porque conhecemos directamente a realidade dos imigrantes, queremos partilhar com todos e de uma forma especial com os cristãos, pistas para reflexão e partilha afim de que na nossa caminhada de Advento possamos criar atitudes que, face ao fenómeno das migrações, nos ajudem a viver um Natal centrado no mistério da explosão de alegria surgida em Belém com Jesus, o imigrante por excelência, que integrou a história da humanidade.   A liturgia do Advento propõe-nos duas atitudes fundamentais para o viver quotidiano e que promovem a dignidade. Assim, face à lei da imigração, de 4 de Julho de 2007, e sua regulamentação de 5 de Novembro de 2007, propomos que todos estejamos mais vigilantes aos imigrantes e que a justiça exigida pela sua dignidade se concretize. A primeira atitude é a Vigilância. Vigiar, no contexto de quem trabalha na promoção dos direitos dos imigrantes, é estar atento a todas as situações de injustiça praticadas contra eles. É criar uma sensibilidade e uma consciência activa para a realidade de tantos a quem os direitos são negados. É contribuir para uma atitude de acolhimento. Vigiar, é denunciar todas as situações de injustiça praticada contra qualquer pessoa especialmente contra o imigrante. É denunciar toda a exploração de mão-de-obra escravizante, sem condições de segurança no trabalho, sem direitos à segurança social, sem direito aos cuidados de saúde básicos. È denunciar o escândalo da impunidade dos que retêm os descontos registados mas não entregues. É denunciar aqueles que promovem o tráfico de mão-de-obra barata, o tráfico de mulheres e crianças para a exploração sexual. É denunciar a promoção do trabalho precário. É combater a cultura do medo à lei, à justiça, ao Estado. É denunciar as violências contra os imigrantes tratando-os como criminosos, porque em situação irregular. É estar atento aos entraves criados pelos funcionários da administração pública, umas vezes por ignorância da lei, outras por falta de idoneidade, mais dificultam do que ajudam o acesso à vivência da cidadania. A segunda atitude é a Justiça. É o grito da humanidade que caminha. É o grito de Deus lançado aos homens. É o grito dos profetas, do Precursor, de Maria que não encontrou lugar na hospedaria. É o grito de Cristo na Cruz. É o grito de todos os injustiçados, é o grito dos pobres, é o grito dos imigrantes e das vítimas de tráfico e de exploração. Hoje, mais do que nunca, no mundo dos Direitos Humanos e da diversidade cultural, justiça é o grito dos imigrantes, dos deslocados, dos refugiados. Justiça é reconhecer este fenómeno, muito mais do que um problema, como uma oportunidade para o enriquecimento mútuo. Justiça é, promover a formação e informação dos agentes que trabalham com os imigrantes, capacitando-os para olharem para eles de igual para igual e facilitando-lhes o acesso à saúde e à segurança social, ao trabalho justamente remunerado, a uma habitação condigna, à protecção do Estado e à justiça, ao reagrupamento familiar, à diversidade cultural.  Natal não pode ser meramente folclore, luzes, prendas, consumo. Tem que ser, antes de tudo, contribuir para a construção de um mundo melhor, para a construção da casa comum, onde todos se sentem acolhidos. Assim poderemos entrar com alegria e esperança no ano de 2008, o “Ano Europeu para o Diálogo Inter-Cultural”.   FORCIM: Capelania dos Africanos (CA), Caritas Portuguesa (CP), Centro Pe. Alves Correia (CEPAC), Comissão Justiça e Paz dos Religiosos e Religiosas (CJPR), Coordenação Nacional dos Ucranianos de Rito Bizantino (CNURB), Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), Liga Operária Católica / Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), Serviço Jesuíta aos refugiados (JRS), Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM)

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top