Mensagem da Quaresma-Páscoa 2013 do bispo de Bragança-Miranda

Caríssimos irmãos e irmãs,

presbíteros, diáconos, religiosos (as) e leigos (as):

Vivemos o Ano da Fé em comunhão com toda a Igreja e nele sublinhamos a Liturgia, primeira escola da Fé, conforme a nossa carta pastoral. A Igreja transmite a fé, celebrando a liturgia. Como escrevemos na referida carta pastoral, nunca devemos perder de vista que o autêntico protagonista do Ano litúrgico é o Cristo místico, isto é, o mesmo Senhor Jesus Cristo glorificado, unido com a sua esposa, a Igreja. O Tempo da Quaresma-Páscoa, no contexto mais alargado do Ano Litúrgico, é um tempo decisivo e cheio de possibilidades a não perder para olhar Jesus Cristo, nossa verdadeira Páscoa. Da liturgia à caridade, da catequese ao testemunho de vida, tudo na Igreja deve tornar visível e reconhecível o rosto de Cristo, a centralidade do mistério integral de Cristo.

No itinerário sacramental e penitencial da Quaresma, a liturgia prepara os fiéis para a celebração do mistério pascal, por meio da recordação do Batismo e das práticas de penitência. A nossa introdução ao mistério pascal é propiciada mediante a liturgia, na sua dimensão sacramental-batismal, e também na tensão moral da conversão. Neste tempo, além dos sacramentos, da escuta da Palavra, da lectio divina, da oração, da esmola, do jejum e da sobriedade no quotidiano – a fé impele-nos à caridade do coração e a um maior sentido de pertença à fé da Igreja.

O amor à Igreja gera também o amor à Catedral, a casa de todos; esta, qual domus ecclesiae, «é toda uma epifania de fé» (Paulo VI). Sintamo-nos todos pertença da fé da Igreja, sendo que uma Igreja diocesana tem na sua Catedral o símbolo da unidade da fé.

Aqui celebram-se os momentos mais significativos da vida de uma Igreja local: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, as Ordens Sacras (Diaconado, Presbiterado e Episcopado), Bênção e consagração dos santos Óleos (Catecúmenos, Enfermos e Crisma), os Ministérios Laicais (Leitor e Acólito), a Renovação das promessas batismais, sacerdotais e matrimoniais. Na Catedral como que se reflete todo o mistério da Igreja e o ministério do Bispo. A nossa foi dedicada a 7 de Outubro de 2001, mas há ainda muito para pagar e ainda muito para fazer. Que Nossa Senhora-Rainha, a quem é dedicada, seja para todos exemplo da escuta ativa da Palavra de Deus em ordem a uma conformação cada vez maior ao mistério da cruz. Ela é a perfeita discípula do Senhor, que O segue até à cruz florida da Páscoa.

Nesta Quaresma a Renúncia quaresmal da Diocese destina-se à Catedral. A coleta ou ofertório da mesma será realizado em todas as celebrações litúrgicas do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, ou noutro dia mais indicado, a juízo dos Reverendíssimos Párocos.

Porquê a renúncia da Quaresma para a Catedral? A Diocese deve ainda tantos milhares de euros das obras da igreja catedral, conforme podem acompanhar pelo ‘Mensageiro de Bragança’. Este é um problema que temos de ser capazes de resolver juntos, com responsabilidade, coragem e confiança. Agradeço às muitas pessoas e instituições que já deram e conto com a preciosa ajuda daqueles que têm a possibilidade de fazer assuas renúncias para darem um contributo. Quem dá, dê com alegria, porque «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9,7). Este é também um concreto desafio à comunhão. Na Catedral manifesta-se mais solene e visivelmente o corpo de Cristo, na fé da Igreja a que pertencemos. Como pedras vivas da Catedral invisível, somos também convidados a ter uma pedra na catedral visível, sinal de uma comunhão que atravessa gerações, mesmo com as que nos precederam na fé, e com aquelas a quem deixarmos este legado,

testemunho da nossa peregrinação terrena. Pedimos, por isso, aos católicos da Diocese para contribuírem generosamente. O tema bíblico “pedra” atribuído a Cristo “pedra viva” e “pedra angular” é também apontado para os cristãos que formam uma casa visível e espiritual – a Igreja. Sei que vivemos tempos difíceis; sei ainda que há muitas necessidades nas vossas comunidades; mas estou certo da vossa caridade generosa.

Nenhum de nós pode ser estranho ao outro e à vida da comunidade a que pertencemos, cujo presidente e pastor é o próprio Cristo. Renunciar para dar, porque receber e dar é o dinamismo da Páscoa de Cristo. De facto, como recorda o Papa Bento XVI na sua mensagem para a Quaresma deste ano: «por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização». Fé e caridade andam de mãos dadas. É urgente repartir de Cristo nos novos caminhos da Missão que a todos foi confiada.

D. José Manuel Garcia Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda 

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