Mensagem às Famílias do Bispo de Leiria-Fátima

Família, reaviva o dom da comunhão que está em ti!

1. Brilhou uma grande luz. O Menino que os Pastores viram envolvido em panos e deitado na manjedoura é Jesus, o Filho de Deus. Humilde e pobre, o Salvador veio até nós para que sejamos filhos de Deus e recebamos da sua plenitude, graça sobre graça (Cf. Jo 1,12.16). Que o Natal do Senhor continue a encher de júbilo os vossos corações.

Filho de Deus, Jesus fez-se também filho na família fundada pelo amor de dois esposos, Maria e José. Na festa da Sagrada Família, o meu pensamento vai para as vossas famílias que saúdo afectuosamente e convido a um louvor de acção de graças e uma súplica confiante de bênção e de misericórdia. Desejo confortar em especial os doentes e idosos, os excluídos e famintos de pão ou de afecto. Solidarizo-me com as vítimas de debilidade ou violência. Compartilho os anseios dos jovens, na sua busca insaciável de vida, e recordo-lhes que Jesus é a aposta na verdade e no amor; e junto-me à alegria das crianças para dizer a cada uma que nasceu Jesus, o nosso maior amigo.

 

2. A família é um bem essencial e um tesouro inestimável que está muito na nossa preocupação. Ao homem e à mulher que procuram resposta para os problemas da vida matrimonial e familiar, são oferecidas visões e propostas sedutoras que comprometem a verdade e a dignidade da pessoa e a sua liberdade e capacidade de julgar com objectividade (cf. FC 4). É, pois, urgente que a família descubra o que «é» e o que deve «fazer», no plano de Deus Criador e Redentor que a constituiu como íntima comunidade de vida e de amor (FC 17).

Maria e José haviam-se prometido esponsalmente, segundo a Lei e na fé no Senhor da Aliança com o seu Povo. Maria, acreditando em tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor, aceitou ser a Mãe de Jesus e exclamou: «Eis a serva do Senhor!» (Lc 1, 26s). José, discernindo os desígnios de Deus, acolheu incondicionalmente Maria e o Menino que, no seu seio, era fruto do Espírito Santo. No aconchego da sua família, em Nazaré, Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, criança, jovem e adulto, amando e sendo amado, deu início á sua obra de santificação do matrimónio e da família, até à realização integral do desígnio de Deus (cf. FC 3; Mt 19,4).

 

3. Os laços conjugais, parentais e filiais da Família de Nazaré, vividos em profunda união com Deus, inspiram-nos e desafiam as nossas famílias e toda a Pastoral familiar. Por amor, Deus imprimiu no nosso ser a vocação irrecusável à comunhão no amor. De tal modo que o apelo a sermos o que somos implica que a família descubra e encontre em si mesma o apelo inextinguível que define a sua dignidade e responsabilidade: «Família, torna-te aquilo que és»! (cf. FC 17).

Na recente Carta Pastoral, Ir ao coração da Igreja, reflecti convosco sobre as exigências para sermos verdadeira comunidade: temos de dizer “sim” à comunhão, à corresponsabilidade e à renovação pelo Evangelho e pela leitura dos sinais dos tempos; e dizer “não” à divisão, à desresponsabilidade e à estagnação (cf. Ir ao Coração da Igreja: 4.5). O mesmo vos direi para vos encontrardes com a verdade da família e esta, permanentemente, se tornar aquilo que é. Unidos e corresponsáveis no discernimento dos valores humanos e da família, abraçai a sua missão e a sua verdadeira identidade. Não fiqueis inertes aos desvios e ataques à dignidade humana e aos autênticos valores familiares.

Convido-vos novamente, a descobrir «o papel importante da família como “Igreja doméstica”, isto é, Igreja presente na casa familiar, primeira célula viva da família maior que é a Igreja, primeira expressão incarnada da comunhão que caracteriza a comunidade cristã: ”perseverante no ensino da fé, na comunhão e partilha fraterna, na Eucaristia e na oração, no testemunho do amor e do serviço”». A cada família renovo o meu apelo vibrante: «“Família, reaviva o dom da comunhão que está em ti! Cultiva a espiritualidade da comunhão”!» (idem, 4.7).

Que Deus vos confirme na alegria da unidade e do amor.

Com votos de Feliz Ano 2010, saúdo-vos com fraterno afecto.

† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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