Conferência Episcopal Portuguesa
Caríssimos jovens, as melhores e mais amigas saudações dos vossos Bispos, reunidos em Fátima.
Todos nós, os que estivemos em Madrid, na XXVI Jornada Mundial da Juventude (JMJ), recordamos, com alegria, a “Grande Festa da Fé”, vivida com o Papa Bento XVI e com tantos jovens, vindos do mundo inteiro. De Portugal, fomos mais de 12.000: jovens, responsáveis das dioceses e das estruturas diversas da Pastoral Juvenil. Nós, os Bispos, acompanhámos todo este acontecimento com alegria e proximidade pastoral e afetiva.
Porém, foram muitos mais os jovens que, mesmo não indo a Madrid, viveram estas Jornadas, ou porque acompanharam e estiveram na sua preparação, ou porque seguiram, de perto, a experiência ali vivida.
É a todos vós, jovens de Portugal, e responsáveis diocesanos e de todos os organismos juvenis, que nós queremos dirigir esta mensagem.
O que foi a JMJ de Madrid?
Certamente já tivestes ocasião de partilhar esta vivência com tantos e tantos amigos… Foi uma experiência de fé, no encontro com a Pessoa de Jesus Cristo, mediado pelo Papa Bento XVI, por todos aqueles que vos acolheram e vos falaram – nas comunidades paroquiais, nas catequeses, nas atividades diversas daqueles dias, nos momentos de oração – e por tantos jovens, vindos das diversas partes do mundo, com quem estabelecestes uma relação próxima, a vários níveis e de tantas formas.
Este encontro com Jesus Cristo sentiu-se particularmente vivo na Eucaristia, na Adoração eucarística, durante a Vigília em Quatro Vientos, e na Via Sacra.
Como momento especial das Jornadas, não podemos esquecer o encontro e a festa do dia 18 de agosto, no Palácio de Congressos “Arena de Madrid”. Por ser a primeira vez e pela sua grandeza espiritual, pastoral e social, queremos felicitar a Equipa do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), todos os responsáveis e animadores e todos os jovens, louvando o trabalho feito, desde a preparação até à realização deste momento tão significativo na Pastoral Juvenil de Portugal, vivido na JMJ de Madrid.
A JMJ tocou alguns pontos fundamentais, que podem ajudar a delinear um “perfil” de jovem cristão. Concretamente:
– O jovem cristão encontra em Jesus Cristo o sentido da sua vida, tornando-se discípulo e missionário, no mundo e na Igreja.
– A partir deste encontro com Jesus Cristo, o jovem acredita na importância da sua missão e quer trabalhar por um mundo melhor, tornando-se testemunha de fé nos diversos ambientes.
– Na sua ação, o jovem sabe que não está sozinho, pois ser cristão é caminhar com Jesus na comunhão da Igreja. Vê os outros como amigos e irmãos e a todos quer comunicar a alegria de conhecer Jesus Cristo.
– O jovem vê na Igreja a comunidade que lhe mostra o verdadeiro rosto de Jesus. Nela, sem medo e sem vergonha, vive a sua alegria no seguimento de Cristo.
– O jovem cristão precisa da Igreja para viver a fé em Jesus Cristo, numa formação permanente, assente na Palavra de Deus e na Eucaristia, dando sentido à sua esperança. De facto, como afirmou o Papa, “a Igreja precisa dos jovens mas vós, os jovens, também precisais da Igreja”.
O que vos disse o Papa?
Convosco tivemos a oportunidade e a alegria de partilhar esta experiência única e de viver aquela feliz aventura. Somos testemunhas de alguns desafios que vos foram feitos por Bento XVI e que, nesta mensagem, queremos recordar e propor como compromissos para a Pastoral Juvenil em Portugal. Assim, a todos os mediadores que vos acompanham – nas dioceses e nas paróquias, nos institutos de vida consagrada e nos movimentos, em todas as estruturas da Pastoral Juvenil e também na coordenação nacional – queremos recordar três pontos fundamentais:
– Necessidade de formação permanente, complementando o amor à Palavra de Deus e à Eucaristia com outros meios de aprofundamento da fé. O YOUCAT, oferta incluída no vosso “kit de peregrino”, é um meio ao serviço deste desafio. A valorização do tema vivido – “enraizados em Cristo, firmes na fé” – deve ser complementado pelo de 2012 – “alegrai-vos sempre no Senhor”.
– Ajuda à formação e à missão o cumprimento de outro apelo do Papa Bento XVI, o de viverdes uma relação de pertença, participando na vida da Igreja.
– Não podeis esquecer, caros jovens, a dimensão da resposta alegre, feliz e entusiasta a Jesus, nos diversos chamamentos que Ele vos faz ou vier a fazer: “Respondei-Lhe com generosidade e coragem – escreve o Santo Padre – como corresponde a um coração jovem como o vosso. Dizei-Lhe: Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas Tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustenta, a alegria que nunca me abandone”.
A Igreja e a Sociedade são campos vastos para a entrega consagrada, na missão.
E a partir de Madrid?
O Papa convidou-vos para um novo encontro, no ano 2013, no Rio de Janeiro. Porém, a Pastoral Juvenil não é somente encontros, festas e jornadas mundiais. O programa que esses acontecimentos suscitam, deveis vivê-lo no dia a dia, num testemunho cristão que une muito bem os três temas, tão próximos e seguidos no tempo: “enraizados em Cristo, firmes na fé” (2011), “alegrai-vos sempre no Senhor” (2012) e “ide e fazei discípulos de todos os povos” (2013). Podem ser fonte de um belo programa para vos motivar à formação, vos acompanhar na dinamização das vossas comunidades, estruturas ou movimentos, de vos guiar na participação em grupos de jovens no vosso meio e de vos iluminar no testemunho ativo, coerente e feliz no seguimento de Jesus.
Ao terminar a missa de encerramento, disse o Papa aos jovens portugueses: «Foi para este momento da história, cheio de grandes desafios e oportunidades, que o Senhor vos mandou: para que, graças à vossa fé, continue a ressoar a Boa Nova de Cristo por toda a terra». É nesta hora concreta que sois chamados a ser protagonistas para a transformação da sociedade, enraizados em Cristo e firmes na fé.
Nós, os Bispos de Portugal, tudo faremos para dotar as dioceses, as estruturas diversas da pastoral e o órgão coordenador nacional (DNPJ), das pessoas que vos possam ajudar a conhecer melhor Jesus Cristo e a viverdes firmes na fé e na alegria de serdes discípulos e missionários na Igreja e na Sociedade.
Fátima, 10 de novembro de 2010