Denúncias da Confederação Nacional de Acção sobre o Trabalho Infantil “A mendicidade e a prostituição de crianças e adolescentes está a ganhar contornos dramáticos, sobretudo nos grandes centros urbanos” porque o aumento do desemprego não contribuiu “em nada para a melhoria das condições de vida das crianças e seus familiares” – denunciou à Agência ECCLESIA Teresa Costa, presidente da Confederação Nacional de Acção sobre o Trabalho Infantil (CNASTI), que ontem, dia 27 de Abril, realizou uma conferência de imprensa para apresentar o 1º Congresso Mundial de Crianças sobre Trabalho Infantil. As crianças estão a ser “usadas” visto que o dinheiro “faz falta e não interessa de onde ele vêm”. A realidade actual alterou o panorama do trabalho infantil e as “piores formas de exploração começam a ser visíveis” – alerta a presidente da CNASTI. Teresa Costa está convicta de que vários casos de fraco rendimento escolar, abandono da escola e ingresso numa vida marginal “estão directamente ligados ao agravamento das dificuldades económicas das famílias”. E continua: “fruto da conjuntura social e económica do país”. O panorama continua a ser preocupante, “senão mais grave”, pois estão em causa os “direitos e dignidade humana de muitos miúdos” – sublinhou. Antes, observou, as atenções voltavam-se essencialmente para as crianças que, a par dos estudos, se dedicavam a trabalhos árduos nas fábricas e nas obras, para contribuírem para o rendimento familiar. O encerramento de algumas empresas, assim como as denúncias e acções de fiscalização desencadeadas pela Inspecção do Trabalho minoraram, em grande parte, este problema, que apesar dos esforços, ainda prevalece, mas em menor escala. A realidade “não é boa” e como se costuma dizer: “em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”. As motivações das pessoas “andam muito por baixo” – realça. Teresa Costa lembrou que, em 2001, mais de 47 mil crianças eram vítimas de trabalho infantil, registando-se uma grande incidência no mundo rural, em particular nos domicílios. Hoje, reparou, “os números são, certamente, mais elevados”, com a agravante de que para conseguirem o dinheiro que falta em casa, as crianças são “obrigadas” a prostituírem-se e a pedir esmolas. Mas, também “não é difícil encontrar menores na hotelaria, pedreiras, limpezas, construção civil e nos acabamentos de calçado” – finaliza.