«Foi muita preocupação, com o coração nas mãos, que sentimos a invasão da Covid nas nossas comunidades»
Porto, 22 mar 2021 (Ecclesia) – A irmã Ludovina Ferraz, superiora provincial das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, recorda hoje “exemplos de vida que deixaram saudades” numa congregação que perdeu dez religiosas no último ano, por Covid-19, outras doenças e de morte natural.
“Foram exemplos de vida que nos deixaram saudades, tristeza por terem partido, deixou-nos grande exemplo de vida cada uma delas”, disse a irmã Ludovina Ferraz na edição das ‘Memórias que Contam’ desta segunda-feira.
À Agência ECCLESIA, a superiora provincial das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora destacou três religiosas que faleceram com Covid-19 e pertenciam à mesma comunidade, das 10 irmãs que faleceram no último ano na congregação em Portugal.
A irmã Madalena de Jesus faleceu no dia do seu centenário, estava a preparar uma “festa muito grande” com “entusiasmo” e foi a primeira vítima de Covid-19 na província portuguesa.
“A irmã Madalena tinha um grande desejo de celebrar os seus 100 anos. Há muito tempo preparava os convites e dizia: ‘Eu quero uma Missa de ação de graças na igreja paroquial porque não cabem os convidados todos na nossa capela da comunidade”, lembra a irmã Ludovina Ferraz.
A superiora provincial das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora conta que “foi um choque muito grande” a morte da religiosa centenária, “assim tão inesperado, deixa muitas saudades mas muitas recordações”.
A irmã Madalena de Jesus vivia na comunidade de Airó (Barcelos) onde faleceram mais duas religiosas também vítimas de Covid-19, e em pouco mais de uma semana despediram-se de três irmãs.
A irmã Maria Henriqueta Teixeira, que “foi uma grande missionária” em Moçambique, na África do Sul e em Portugal, faleceu aos 93 anos, atualmente dedicava-se muito “à leitura e aos bordados”, a biblioteca da comunidade “não teria mais livros que não conhecesse”.
Outra vítima da Covid-19 na comunidade das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora de Airó foi a irmã Júlia Assunção, a “mais jovem” e lembrada por ser “muito sorridente”, pelo acolhimento e dedicação.
“Acolhia a todos muito bem e a sua alegria era estar a ajudar as irmãs na comunidade”, acrescenta a irmã Ludovina Ferraz.
A superiora provincial das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora em Portugal revela que se animou “espiritualmente, na fé, na esperança e na confiança em Deus” para também animar e dar força às religiosas, que se sentiam “colaborantes em resolver o problema da pandemia”.
A província portuguesa das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora tem 20 comunidades – Portugal, São Tomé e Príncipe, Angola e Timor, e em nove tiveram religiosas infetadas com o novo coronavírus.
“Foi muita preocupação, com o coração nas mãos ao sentir a invasão do Covid nas nossas comunidades, como é que iria ser, o que é que ia acontecer. Muito sofrimento, muita oração, muita comunhão, unimo-nos mais e fomos superando com a fé, com a confiança em Deus e alentado o melhor possível as irmãs e ajudando no que era preciso do exterior”, desenvolveu.
Nas ‘Memórias que Contam’ desta segunda-feira, a irmã Ludovina Ferraz lembra também como as irmãs foram superando os confinamentos, através dos meios online, e da “alegria” do regresso das crianças aos colégios da congregação.
CB