«Memórias que contam»: A biografia de quem entrou no convento de clausura para ser livre

Cineasta Inês Gil recorda o sorriso e a liberdade da irmã Maria Domingos e o acolhimento que se experimentava no Mosteiro das Monjas Dominicanas do Lumiar 

Lisboa, 04 mar 2021 (Ecclesia) – Inês Gil disse à Agência ECCLESIA que está “imensamente grata” por ter filmado o quotidiano do Mosteiro das Monjas Dominicanas do Lumiar e recorda o “acolhimento e doçura” da irmã Maria Domingos, que escolheu a clausura para ser livre.

“Quando decidiu entrar num convento de clausura era para ser livre. E encontrou essa liberdade, porque foi ao encontro do que procurava: uma liberdade interior”, disse a realizadora e professora de cinema na Universidade Lusófona.

Para Inês Gil, a irmã Maria Domingos “era extremamente espontânea”, não “precisava de provar” que era habitada pela dimensão espiritual porque a “sua vida e a sua espiritualidade estavam presentes” como “algo que se exprime no seu próprio ser”.

Convidada a recordar a irmã Maria Domingos, que faleceu com Covid-19 no dia 15 de fevereiro, na rubrica da Agência ECCLESIA “Memórias que contam”, Inês Gil lembrou os dias em que esteve no mosteiro para fazer um filme sobre a vida das irmãs e afirma que está “imensamente grata” por essa possibilidade.

“Filmei uma intimidade do mosteiro, das irmãs, que foi um privilégio absoluto: estar no mosteiro, filmar o quotidiano dessas irmãs inesquecíveis. Estou imensamente grata por essa possibilidade que elas me deram”, referiu.

Inês Gil recorda o acolhimento, diz que o “sorriso da Irmã Domingos era maravilhoso”, assim como “o humor, a doçura, o olhar e as conversas”.

“As conversas com a Irmã Domingos ajudaram-me mesmo a crescer”, sublinhou.

Inês Gil disse que as Irmãs do Mosteiro do Lumiar eram “completamente inclusivas”, “acolhiam o crente e o não crente”, sem qualquer julgamento, e davam as “ferramentas para crescer”, através “da reflexão e da oração”, a quem quisesse.

A cineasta recorda que entrou no mosteiro pela primeira vez há cerca de 20 anos quando decidiu descobrir um “espaço tão misterioso” de que uma amiga lhe falava e foi “muito bem acolhida”, como se estivesse na sua própria casa.

“Era um ambiente familiar”, diz a professora de cinema na Universidade Lusófona sobre o acolhimento no Mosteiro das Dominicanas do Lumiar, e lembra a qualidade das conferências que aí aconteciam, “todo o cuidado”, o chá, as bolachas, a distribuição das publicações das conferências, os ícones.

O filme realizado por Inês Gil sobre o quotidiano das dominicanas do Lumiar intitula-se «Onde moras?» e será divulgado “oportunamente”, apurou a Agência ECCLESIA.

A rubrica “Memórias que contam” apresenta, durante o tempo da Quaresma, o percurso biográfico de homens e mulheres que faleceram com Covid-19.

PR

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