Gratidão e saudade marcaram o regresso das austríacas acolhidas em Portugal durante a II Guerra Mundial
60 mulheres austríacas passaram por Portugal numa viagem de saudade e gratidão, quase 50 anos depois de terem sido recebido voluntariamente por famílias portuguesas depois da II Guerra Mundial. A destruição e as dificuldades económicas que a aventura de Hitler provocou fez com que mais de 5 mil crianças chegassem ao nosso país, onde as famílias respondiam ao desafio da Cáritas e as acolheram durante alguns meses, por vezes anos. Agostinha Macedo foi uma das pessoas que se disponibilizou para receber as então crianças. À reportagem do ECCLESIA lembra como soube da notícia através dos jornais e como foi difícil convencer os pais a aceder à proposta, além dos problemas da língua, mas passados todos estes anos, as memórias são apenas as mais positivas. “Acolhemo-la de braços abertos e até hoje mantemos o contacto com ela”, refere. Hannehoc Kienbach assiste comovida e confirma as palavras de Agostinha Macedo. “Foi tudo bom, muito bom”, lembra.
Algumas das crianças escolheram por cá ficar, como é o caso da Ir. Rosita, religiosa Doroteia. Chegou em 1951, na altura com 9 anos, fugindo à tuberculose. “Foi o meu pai quem entrou em contacto com a Cáritas para que eu viesse numa colónia de férias a Portugal. Eu gostei e decidi ficar, uma vez que infelizmente já não tinha a minha mãe nem o meu irmão”, relata. Aqui teve a oportunidade de estudar e de sentir o chamamento à Vida Consagrada, que a fez entrar na congregação das Doroteias em 1963.
No Centro Paulo VI, em Fátima, um grupo de austríacas entregou esta terça-feira a “Luz da Paz” a estas famílias portuguesas, agradecendo o acolhimento que tiveram em Portugal. A “Luz da Paz” é uma iniciativa da Cáritas da Áustria, que se realiza todos os anos antes do Natal. Uma criança vai à Terra Santa acender uma chama, que leva para o seu país e que, depois, é distribuída como símbolo de paz e de esperança. Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, recorda que esta iniciativa marcou o início da história do organismo católico em Portugal e espera que estas memórias permitam “gerar acções dirigidas sempre aos que mais precisam e mais sofrem”. Localidades onde estiveram crianças austríacas 1948–1953
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