Realizador diz que «The Passion of Christ» quer recordar o amor inifinito de Deus e não condenar os judeus Mel Gibson esteve ontem num dos programas jornalísticos mais importantes dos EUA para defender o seu novo filme, “The Passion of Christ” (A Paixão de Cristo) e assegurar que o seu objectivo é recordar “o infinito amor de Deus pelos homens”. O “Primetime” da ABC News, entrevistou Gibson e confrontou-o directamente com as acusações de se fomentar o anti-semitismo no filme. Quando a entrevistadora lhe perguntou quem matou Jesus, Gibson susteve que “a grande resposta é que fomos todos”. O actor e realizador defendeu-se, esclarecendo que “eu não quero entrar nesse jogo de acusações: o filme trata de fé, esperança, amor e perdão. Do sacrifício de Cristo”. A ideia de filmar a Paixão de Jesus terá surgido quando Gibson viveu uma época de “Bancarrota espiritual”, segundo o próprio. Mel Gibson admite que o filme tem cenas muito violentas, mas vinca que ninguém é obrigado a vê-lo. “Queria que as pessoas estremecessem e queria que se visse a imensidão deste sacrifício, como se pode dar amor e perdão apesar da dor extrema”, afirmou. «A PAIXÃO» O filme “The Passion of Christ” entrará em cartaz em 25 de Fevereiro de 2004, Quarta-feira de Cinzas. Foi gravado em Matera, em Basilicata (sul da Itália) e nos estúdios cinematográficos de Cinecittà, em Roma. A Paixão de Cristo pretende ser uma descrição realista das últimas 12 horas da vida de Jesus. A personagem de Jesus Cristo é interpretada pelo actor norte-americano James Caviezel, conhecido por suas actuações nos filmes Frequência, O Conde de Monte Cristo e Olhos de Anjo. A obra, de três horas de duração, apresenta uma narração que segue à risca o texto dos Evangelhos e foi gravada nas línguas originais. Todas as partes faladas da Paixão de Cristo são em latim ou em aramaico. Apesar de ainda não estar concluído, o filme já suscitou forte polémica nos Estados Unidos por causa da reacção de organizações judaicas norte-americanas, que acusam Gibson de retomar a acusação “Judeus, povo deicida” formulada na oração de Sexta-feira Santa pré-Vaticano II. Um dos primeiros a vir em defesa do realizador foi o presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, D. John P. Foley, o qual assegurou que o filme “The Passion” de Mel Gibson é um belíssimo relato dos Evangelhos e descartou a hipótese de fomentar o anti-semitismo. “Não acredito que este tipo de críticas tenha qualquer fundamento, porque todo o material do filme deriva directamente dos relatos evangélicos”, defendeu o arcebispo norte-americano. A vida de Jesus já foi adaptada ao cinema por várias vezes, mormente por Martin Scorsese, Pier Paolo Pasolini e Franco Zeffirelli.