Medjugorje: Papa Francisco questiona repetição sistemática de relatos de aparições até hoje

Estudo sobre fenómenos ligados à Virgem Maria na localidade Bósnia vão continuar

Octávio Carmo, enviado especial da Agência ECCLESIA no voo papal

Roma, 13 mai 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco questionou hoje em conferência de imprensa a repetição sistemática de relatos de aparições em Medjugorje, defendendo a necessidade de aprofundar a situação desta localidade Bósnia.

Francisco disse em conferência de imprensa, no voo de regresso a Roma, após uma visita de dois dias ao Santuário de Fátima, que “todas as aparições ou alegadas aparições pertencem à esfera privada, não são parte do magistério público, ordinário da Igreja”.

Em 2010, o Papa Bento XVI criou uma Comissão Internacional de Inquérito sobre Medjugorje na Congregação para a Doutrina da Fé, liderada pelo cardeal Camillo Ruini.

Em causa estão relatos de aparições continuadas da Virgem Maria a crianças de uma aldeia da Bósnia-Herzegovina, desde 1981.

Quatro anos depois, o cardeal Joseph Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI, na altura prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, proibiu peregrinações oficiais de dioceses ou paróquias ao local, embora os católicos possam ali deslocar-se por sua iniciativa, inclusive na companhia de padres, se assim o desejarem.

O Papa Francisco disse que “nos finais de 2013, inícios de 2014”, recebeu do cardeal Ruini os resultados de uma comissão de “grandes teólogos, bispos e cardeais, grandes, grandes”.

“O relatório Ruini é muito, muito bom”, defendeu.

Depois de dúvidas manifestas junto da Congregação para a Doutrina da Fé, o organismo da Santa Sé julgou reenviar toda a documentação, incluindo a que parecia ser contrária ao relatório Ruini.

“Todas as opiniões foram estudadas e todas sublinham a densidade do relatório Ruini”, observou Francisco.

Segundo o Papa, no essencial, é preciso distinguir “as primeiras aparições” às crianças, que o relatório, de forma geral, “diz que se devem continuar a investigar”.

“Quanto às aparições, as alegadas aparições atuais, o relatório tem as suas dúvidas. Eu pessoalmente sou mais duro, prefiro Nossa Senhora Mãe, nossa Mãe, e não Nossa Senhora chefe de uma repartição, que todos os dias manda uma mensagem a determinada hora, acrescentou. Esta não é a Mãe de Jesus”.

Francisco considera que “estas alegadas aparições não têm tanto valor. Digo-o a título pessoal, mas é claro”.

“Quem é que pode pensar que Nossa Senhora venha dizer: amanhã, à hora tal, direi uma mensagem a tal vidente… Não”, acrescentou.

Em terceiro lugar, precisou, está “o acontecimento espiritual, o acontecimento pastoral, pessoas que vão lá e se convertem, que encontram Deus e mudam de vida”.

“Não há ali uma varinha mágica. Este acontecimento espiritual, pastoral, não se pode negar”, assinalou.

Nesse sentido, o Papa nomeou em fevereiro um enviado especial da Santa Sé para Medjugorje, D. Henryk Hoser, arcebispo de Varsóvia, na Polónia, que já desempenhou estas funções em situações similares,

Medjugorje continua a ser um local de peregrinação para centenas de milhares de católicos de todo o mundo.

OC

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