Médio Oriente/Ucrânia: Papa lamenta exclusão da Europa em negociações de paz

Leão XIV revela esforço de Santa Sé «nos bastidores» para aproximar partes em conflito

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 02 dez 2025 (Ecclesia) – Leão XIV afirmou hoje que a Santa Sé trabalha “nos bastidores” para convencer as partes em conflito no Médio Oriente a depor as armas, defendendo um papel mais ativo da Europa na mediação da guerra na Ucrânia.

“É evidente que, por um lado, o presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] pensa que pode promover um plano de paz que gostaria de fazer e que, pelo menos num primeiro momento, não inclui a Europa. No entanto, a presença da Europa é importante e essa primeira proposta foi alterada”, referiu na conferência de imprensa durante o voo de regresso a Roma, após a visita ao Líbano e Turquia.

Questionado sobre a tensão entre a NATO e a Rússia, Leão XIV alertou para o risco de uma escalada com “novos meios” de guerra.

“A Santa Sé não tem uma participação direta porque não somos membros da NATO e dos encontros de diálogo, até agora. Embora muitas vezes tenhamos pedido o cessar-fogo, o diálogo e não a guerra”, indicou aos jornalistas.

O nosso trabalho não é principalmente algo público que declaramos nas ruas, é um pouco nos bastidores. É algo que já fizemos e continuaremos a fazer para convencer as partes a largarem as armas, a violência, e a se reunirem à mesa do diálogo. Buscar respostas e soluções que não sejam violentas, mas que possam ser mais eficazes.”

Em resposta a uma perguntar sobre uma mensagem enviada pelo Hezbollah antes da viagem do Líbano, o Papa confirmou ter tido conhecimento da mesma: “Sim, vi, evidentemente há por parte da Igreja a proposta de que eles abandone as armas e que se procure o diálogo”.

O Papa considerou que uma “paz sustentável é possível” na região e garantiu que continuará a dialogar com líderes internacionais, incluindo os de Israel e dos Estados Unidos.

Leão XIV comentou ainda a situação na Venezuela, reagindo a ultimatos externos e ameaças de operações militares dos EUA.

“Existe este perigo, esta possibilidade, de que haja uma ação, uma operação, incluindo a invasão dos territórios da Venezuela. Mais uma vez, acredito que é melhor procurar o diálogo”, defendeu.

“A nível da Conferência Episcopal e com o núncio, estamos a procurar uma forma de acalmar a situação, buscando sobretudo o bem do povo, porque nestas situações quem sofre é o povo, não as autoridades”, acrescentou o Papa.

Leão XIV encerrou hoje a sua primeira viagem internacional, que incluiu a Turquia e o Líbano, destacando as mensagens em favor do diálogo entre religiões e da paz.

“Quanto mais conseguirmos promover a unidade e a compreensão autênticas, o respeito e as relações humanas de amizade e diálogo no mundo, maior será a possibilidade de deixarmos de lado as armas da guerra, de deixarmos de lado a desconfiança, o ódio, a animosidade que tantas vezes se desenvolveram e que encontraremos a maneira de nos unirmos e promovermos a paz e a justiça autênticas em todo o mundo”, referiu aos jornalistas.

OC

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