Médio Oriente: Papa saúda decisões sobre reconhecimento do Estado da Palestina, mas alerta para falta de «diálogo»

«Santa Sé reconheceu a solução dos dois Estados há muitos anos», refere Leão XIV, assumindo ainda preocupações com «escalada» da guerra na Ucrânia

 

Roma, 24 set 2025 (Ecclesia) – O Papa saudou as decisões de vários países sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, mas alertou para a falta de “diálogo” com Israel, a respeito do conflito em Gaza.

“A Santa Sé reconheceu a solução dos dois Estados há muitos anos. Isto é claro, é necessário procurar uma forma de respeitar todos os povos”, disse Leão XIV, respondendo às perguntas dos jornalistas, antes de deixar Castel Gandolfo para regressar ao Vaticano, na noite desta terça-feira.

Segundo o Papa, o reconhecimento do Estado da Palestina “poderia ajudar, mas neste momento não se encontra realmente vontade de ouvir do outro lado”, numa alusão ao Governo de Israel.

“O diálogo está neste momento interrompido, praticamente, e continua a intervenção militar na cidade de Gaza”, acrescentou.

Leão XIV referiu ter estado em contacto com a paróquia da Sagrada Família, a única de Gaza, onde as pessoas “estão bem”, apesar da proximidade dos ataques.

Esta terça-feira, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou perante o Conselho de Segurança que a possibilidade de dois Estados – Israel e Palestina – está a “deteriorar-se perigosamente”.

O responsável português insistiu na necessidade de uma Palestina “independente, soberana, democrática e viável”, coexistindo com Israel, assim como um aumento da segurança baseado nas fronteiras anteriores a 1967.

Nos últimos dias, países como Portugal, França, Bélgica, Reino Unido e Canadá reconheceram o Estado palestino, elevando para 157 o número de nações que já o fizeram.

Questionado sobre a decisão dos EUA, a este respeito, o Papa disse pensar que “os Estados Unidos serão os últimos” a reconhecer a Palestina.

Leão XIV falou ainda sobre a guerra na Ucrânia e outras incursões da Rússia em território da NATO, considerando que ““alguém está a procurar uma escalada” e que a situação é “cada vez mais perigosa”.

O Papa insistiu na necessidade de “depor as armas, parar os avanços militares e aproximar-se da mesa do diálogo”.

“Se a Europa estivesse realmente unida, poderia fazer muito”, acrescentou.

Quanto ao rearmamento, Leão XIV sublinhou estão em causa “questões políticas, também devido a pressões externas à Europa”, considerando “melhor não comentar”.

“Estamos continuamente a dialogar com os embaixadores, estamos também a procurar com os chefes de Estado, quando eles vêm [ao Vaticano], estamos a procurar uma solução”, concluiu.

OC

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