Francisco envia carta às comunidades católicos, lamentando «espiral de violência»
Cidade do Vaticano, 07 out 2024 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje a “vergonhosa incapacidade” da comunidade internacional para travar guerra no Médio Oriente, numa carta enviada aos católicos da região.
“Desejo dirigir-me a vós neste dia triste. Há um ano acendeu-se o rastilho do ódio, que não se apagou, mas deflagrou numa espiral de violência, na vergonhosa incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim ao drama da guerra”, escreve Francisco, num texto divulgado pelo Vaticano.
A 7 de outubro de 2023, comandos do Hamas infiltrados atacaram populações israelitas em ‘kibutzs’, bases militares e no local do festival Nova, provocando maios de 1200 mortes e centenas de reféns.
A retaliação das forças militares israelitas, na Faixa de Gaza, provocou mais de 41 mil mortes, na maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas.
O Papa convocou para hoje um dia de oração e jejum pela paz, assinalando o primeiro ano de guerra.
“Os homens de hoje não sabem como encontrar a paz, e nós, cristãos, não nos devemos cansar de a pedir a Deus. Por isso, hoje convidei todos a viver um dia de oração e de jejum. A oração e o jejum são as armas do amor que mudam a história, as armas que derrotam o nosso único e verdadeiro inimigo: o espírito do mal que fomenta a guerra”, refere.
Não me canso de repetir que a guerra é uma derrota, que as armas não constroem o futuro, mas destroem-no, que a violência nunca traz a paz. A história prova-o, mas anos e anos de conflitos parecem não nos ter ensinado nada”.
Francisco dirige-se às comunidades católicas que resistem à guerra, na Terra Santa, considerando-as “sementes de paz no inverno da guerra”.
“A luz da fé leva-vos a testemunhar o amor enquanto se fala de ódio, o encontro enquanto o confronto é desenfreado, a unidade enquanto tudo se transforma em oposição”, assinala.
O Papa manifesta a sua solidariedade às vítimas da “loucura da guerra” no Médio Oriente, “homens e mulheres de todas as confissões e religiões”.
“O sangue corre, as lágrimas também; a raiva aumenta, assim como o desejo de vingança, enquanto parece que poucos se preocupam com o que é mais necessário e o que as pessoas querem: o diálogo, a paz”, lamenta.
A carta deixa uma palavra particular aos habitantes de Gaza, “feridos e exaustos”, a todas as pessoas que deixaram as suas casas, às mães que perderam filhos na guerra e às crianças, vítima das “conspirações dos poderosos”.
“Estou convosco, os que tendes medo de olhar para cima, porque chove fogo do céu. Estou convosco, os que não tendes voz, porque se fala tanto de planos e estratégias, mas pouco da situação concreta dos que sofrem a guerra”, acrescenta.
OC
Médio Oriente: Igreja vive dia de oração e jejum pela paz, por iniciativa do Papa