Médio Oriente: Governo português deve rejeitar «dois pesos e duas medidas» perante «crimes de guerra»

Presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz assume preocupações do organismo católico perante crise em Gaza

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 22 jun 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica, afirmou que o Governo deve assumir com a intervenção de Israel em Gaza a mesma postura que tem relativamente à invasão russa da Ucrânia.

“Usar a fome como arma, condicionar o fornecimento de bens essenciais – alimentação, água – e colocar assim em risco a vida de inocentes é algo que não pode ser aceite, é um crime de guerra”, disse Pedro Vaz Patto, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada semanalmente ao domingo.

A CNJP publicou este mês uma nota sobre o conflito em Gaza, Palestina, que opõe Israel e o Hamas, denunciando “práticas desumanas e desrespeitadoras do direito da guerra”.

“É importante marcar uma coerência em relação à política da União Europeia e de Portugal, no sentido de não se usar dois pesos e duas medidas. Da mesma forma que o Governo português tem sido firme na condenação em relação à invasão da Ucrânia e da violação do direito internacional e também dos crimes de guerra que têm sido praticados nesse âmbito, deve haver uma igual coerência em relação à conduta do Governo de Israel”, sustenta Vaz Patto.

Para o presidente da CNJP, está em causa a “credibilidade da União Europeia”, em relação à defesa dos Direitos Humanos.

O jurista recorda que a Santa Sé defende a solução de dois Estados, para Israel e a Palestina, como “forma de respeitar os direitos dos dois povos”.

“Enquanto não houver esse reconhecimento dos direitos de um e de outro povo, se não se respeitar a justiça em relação a esta questão, nós não podemos falar em paz”, adverte.

Após a publicação da nota, teve início um novo conflito, entre Israel e o Irão, que Pedro Vaz Patto vê como consequência de “uma lógica de retaliação, de vingança, numa escalada interminável”.

O responsável fala numa “verdadeira regressão”, no cenário internacional, assumindo preocupações como “uma lógica de indiferença, uma espécie de nacionalismo estreito”, por parte dos responsáveis políticos.

No dia em que o Papa vai encerrar o Jubileu dos Governantes, que o Vaticano acolhe por ocasião do Ano Santo, o presidente da CNJP convida os responsáveis políticos a “rejeitar tudo o que seja clima de hostilidade em relação aos estrangeiros, em relação aos imigrantes que nos têm chegado, em relação também a este clima que se tem criado, de islamofobia”.

O jurista refere, a respeito do debate sobre o reagrupamento familiar, que está em causa “um direito humano”.

“É um fator que favorece a integração destas pessoas na comunidade portuguesa”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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