Médio Oriente: Comunidade católica de Gaza assume preocupação com reconstrução de cidade «completamente destruída»

«Parece realmente possível que esta guerra tenha terminado», diz pároco local

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 14 out 2025 (Ecclesia) – O responsável pela única paróquia católica de Gaza manifestou esperança com o final da guerra, mas alertou para a dificuldade de recomeçar a vida numa cidade “completamente destruída”.

“Apesar do momento de serenidade e alegria, porém, não se pode esquecer que Gaza está completamente destruída. Muitas das pessoas que se refugiaram na nossa paróquia já não têm casa, algumas foram destruídas nestas últimas duas semanas de guerra”, disse o padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.

O responsável reagiu aos primeiros dias do processo de cessar-fogo, depois de dois anos de guerra.

“Não seria a primeira vez que um processo, mal iniciado, terminasse. Mas, agora, parece realmente possível que esta guerra tenha terminado e que algo novo comece”, aponta o religioso argentino.

A Faixa de Gaza foi devastada por mais de dois anos de uma guerra desencadeada após o ataque do movimento islamita palestino Hamas, a 7 de outubro de 2023, contra Israel.

“O último dia de violência viu vários bairros serem arrasados e as pessoas perderam tudo, entre bens e memórias. As escolas, como as universidades, os hospitais, todas as estruturas essenciais hoje em dia estão totalmente destruídas”, denuncia o padre Romanelli.

O pároco adianta que, graças ao patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, e a muitas associações, “a pequena igreja da Sagrada Família ajudou e continuará a ajudar milhares de famílias em Gaza”.

Tínhamos três escolas. Esperamos poder reabri-las, mas duas foram bombardeadas e estão cheias de refugiados. A escola adjacente à igreja também está ocupada por refugiados da comunidade cristã.”

O pároco de Gaza realça as limitações que se existem à reorganização da vida social.

“Há escombros por toda a parte. Todos os sistemas de esgoto estão destruídos, falta água potável e eletricidade, faltam os itens essenciais. É preciso proceder com calma e continuar a rezar como sempre fizemos, com a adoração diária, as homilias, os rosários”, apela.

O sacerdote assinala que a maioria da população de Gaza, de Israel e da Cisjordânia “está realmente cansada da guerra”.

“É por isso que esperamos que seja o início de um novo período de paz baseado na justiça. Porque se os direitos das pessoas não forem respeitados, seja de um lado ou de outro do muro, haverá problemas no futuro”, conclui.

Estados Unidos da América, Egito, Qatar e Turquia, mediadores do acordo de paz em Gaza, comprometeram-se a garantir a estabilidade na região.

Os quatro países assinaram esta segunda-feira, no Egito, um acordo que estipula o fim de dois anos de guerra na Faixa de Gaza, atuando como os principais mediadores no conflito.

OC

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