Médio Oriente: Cáritas Jerusalém denuncia aumento da violência em Gaza

Organização fala em «colapso» sanitário e em risco de morte para quem procura refúgio na única paróquia católica

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 04 jul 2025 (Ecclesia) – A Caritas Jerusalém denunciou o aumento da violência em Gaza, por parte das forças militares de Israel, referindo que os habitantes do enclave palestinos estão “forçados a escolher entre a morte e a morte”.

“Embora as hostilidades entre Israel e o Irão tenham diminuído, a guerra em Gaza não mostra sinais de acabar. Pelo contrário, intensificou-se”, refere uma organização católica, na sua mais recente atualização sobre a situação no terreno.

“Gaza continua sob bombardeamento contínuo por parte de Israel, tanto aéreo como terrestre, com consequências devastadoras para os seus residentes”, acrescenta a nota, sublinhando que, na Cisjordânia e Jerusalém, as equipas da Cáritas retomaram o horário normal de trabalho.

Cerca de 400 pessoas estão atualmente refugiadas na Igreja da Sagrada Família, a única paróquia católica na Faixa de Gaza, entre elas 15 funcionários da Cáritas, com as suas famílias.

No domingo à noite, helicópteros israelitas lançaram “panfletos de evacuação sobre vários bairros da cidade de Gaza”, em ruas junto à paróquia, instruindo os civis a ir para sul, “diretiva que não oferece nenhum caminho real para a segurança”.

“Quando os panfletos caíram, os que estavam na igreja perceberam que agora estavam dentro da zona de evacuação. No entanto, a instrução para fugir para sul é uma sentença de morte de outro tipo”, denuncia a Cáritas.

Dirigir-se para Khan Younis, agora uma área fortemente bombardeada, significa atravessar uma paisagem devastada, sem transporte, sem infraestruturas e sob constantes incursões militares. A viagem a pé levaria 4 horas, e o risco de ser alvejado ou morto ao longo do caminho é imenso. Aqueles que se refugiaram na igreja fizeram, portanto, a escolha impossível: ficar – sabendo que ainda poderiam morrer onde estão.”

A organização católica prepara refeições comunitárias duas vezes por semana, usando os ingredientes disponíveis, denunciando o aumento do preço de bens básicos, “nem sempre disponíveis”, como a farinha – cerca de 15 euros por cada quilo.

“Os custos são exorbitantes. Para muitos, esses itens são completamente inacessíveis”, acrescenta o documento.

O posto médico ‘Al-Shifa’ da Cáritas Jerusalém, localizado no bairro cristão perto da Igreja da Sagrada Família, cessou as suas operações porque se encontra dentro da área de evacuação designada.

“O perigo crescente e a proximidade dos ataques contínuos tornaram as instalações inseguras”, precisa a instituição.

Os relatos vindos do terreno assinalam que a população vive um “filme de terror”.

“Os bombardeamentos tornaram-se mais agressivos do que nunca, mesmo em comparação com os primeiros dias desta guerra”, em outubro de 2023, adverte a Cáritas.

A crise de saúde agravou-se com um surto de meningite, dado que “com a infraestrutura médica quase paralisada, a contenção e o tratamento são praticamente impossíveis”.

“As operações da Caritas Jerusalém no bairro cristão da cidade de Gaza estão suspensas, mas continuamos em comunicação direta com os nossos colegas que continuam a testemunhar e a oferecer solidariedade em condições insuportáveis”, conclui a organização católica.

OC

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